2018/06/28

Análise ao Motorola Moto G6


A Motorola está oficialmente de volta ao nosso país e neste seu regresso ao mercado nacional, apresenta-se com aqueles que têm sido os seus grandes trunfos no segmento mobile, o Moto G e Moto E. Sendo o Moto G um modelo com grande tradição e que hoje veremos como se comporta.

Foi precisamente este Moto G, que teve o condão de revolucionar o mercado, levando à criação do segmento de gama média com características bem atractivas. Os primeiros Moto G foram modelos imbatíveis para quem procurava smartphones Android económicos mas com qualidade e desempenho à altura; e só por altura do Moto G3 é que a concorrência começou a ter produtos capazes de competir com ele. Foi também nesta altura,que a Motorola deixou de ter representação oficial em Portugal, o que significou um afastamento da marca com os consumidores nacionais.

Avancemos para 2018 e o mítico Moto G está de regresso a Portugal, na sua sexta versão. Será que mantém os argumentos que garantiam o sucesso dos modelos iniciais? Vamos descobrir...


O Moto G6



Os tempos são outros e o design e materiais utilizados no Moto G6 reflectem isso mesmo. A Motorola, agora sob os comandos da Lenovo, mostra estar atenta às novas tendências (goste-se ou não das mesmas...) e aposta num smartphone onde se destaca a traseira em vidro com protecção Gorilla Glass 3. O vidro apresenta uma curvatura nas laterais, que lhe permite um casamento harmonioso com o bloco de metal da estrutura do smartphone.

A traseira é dominada pela área circular que rodeia as câmaras, imagem de marca dos smartphones da Motorola e que cria um simpático "rosto" criado pelas duas câmaras e o flash. Não estando em causa o seu aspecto estético, acaba sempre por deixar as câmaras um pouco mais vulneráveis e expostas. Um pouco mais abaixo, o logótipo da Motorola e na zona inferior um microfone extra, para cancelamento de ruído.


É um smartphone inegavelmente muito bonito, mas incapaz de resistir às dedadas, muito menos a uma inesperada queda, pelo que a utilização de uma capa é altamente recomendável. Esta última também vai resolver a questão da saliência que o smartphone apresenta na zona das câmaras, sendo mais um ponto a favor da utilização desta protecção. Tendo em conta o meu historial, foi precisamente o que fiz desde o momento que o tirei da caixa, para análise.



Na frente, em cima, o flash frontal, sempre útil para as selfies nocturnas, coluna de som e a câmara frontal. De referir, que esta é a única coluna disponível, sendo utilizada tanto para chamadas, como para reprodução do som de jogos e conteúdos multimédia.

Ainda na frente, mas em baixo, um microfone e o sensor de impressão digital, bastante delgado, o que pode obrigar a um período inicial de habituação, para se perceber qual a melhor forma para colocar o dedo sobre o mesmo.


À direita, os botões de volume e power, em cima o slot para os cartões e um microfone e em baixo, o jack de 3.5mm e uma porta USB type-C.


O slot para os cartões tem a particularidade de permitir a instalação em simultâneo de dois cartões SIM e um cartão microSD, pelo que não há que optar pelo dual SIM ou utilização de um microSD, como acontece na maioria dos smartphones.

Em termos de hardware, este Moto G6 apresenta um processador Snapdragon 450 octa-core a 1.8GHz, GPU Adreno 506, 3GB de RAM e 32GB para armazenamento, expansível através de um cartão microSD, ecrã 18:9 de 5.7" (1080x2160 com 424ppp), bateria de 3000mAh com carregamento rápido, câmaras de 12 MP (f/1.8) + 5 MP (f/2.2), frontal de 8MP  (f/2.2), e de referir ainda a presença de rádio FM e NFC.


Software


Este Moto G6 segue uma linha há muito definida pela Motorola, um Android (8.0 Oreo) sem grandes modificações a que se junta um conjunto de software, que nesta altura talvez comece a pecar por ser excessivo.



A aplicação Moto é o centro nevrálgico de todas as funcionalidades que a marca disponibiliza nos seus equipamentos Android. Está dividida em duas secções: sugestões e funcionalidades.

A primeira tem como objectivo informar o cliente sobre a melhor forma para tirar partido das inúmeras opções que são colocadas ao seu dispor. Para esse efeito, a Motorola disponibiliza um conjunto de imagens, acompanhadas de texto, que explicam o funcionamento de cada funcionalidade. De salientar que o menu de notificações também é utilizado pela marca para informar o utilizador sobre a existência destas opções, facto que será por certo útil para todos aqueles que estão menos familiarizados com os smartphones da Motorola.



No separador das funcionalidades, encontramos 4 opções:
  • Moto Key - para gestão de passwords
  • Moto Actions - controlo do smartphone através de gestos
  • Moto Display - opções "extra" para configuração do ecrã
  • Moto Voice - o assistente da Motorola

As Moto Actions acabam por ser a opção mais interessante, fruto do leque de possibilidades que apresenta. Este conjunto de ferramentas disponibilizado pela Motorola, tem como intuito facilitar/melhorar a experiência de utilização do smartphone. Encontramos, entre outras, a captura do ecrã com o deslizar de três dedos sobre o mesmo, a diminuição da área para apresentação da imagem, para facilitar o controlo com apenas um mão e o virar do ecrã para baixo, por forma a silenciar as notificações.




O sensor de impressões digitais, colocado na frente do equipamento, permite outro tipo de utilizações que não possíveis (ou práticas), quando colocado na traseira do smartphone. Para quem goste de navegar através de gestos, a Motorola disponibiliza o "One Button Nav".

Utilizando o sensor de impressão digital, o utilizador pode voltar ao ecrã principal, voltar atrás, abrir as aplicações recentes, bloquear o ecrã e chamar o Google Assistant. É um sistema de controlo interessante, mas que obriga a alguma habituação, sobretudo na pressão que é necessário efectuar no sensor, para obter a funcionalidade pretendida; mas nada que um dia ou dois de prática não resolvam com facilidade.



Em utilização



Os benchmarks estão longe de surpreender, mas esse também não é o objectivo da Motorola ao apostar no Snapdragon 450, um irmão próximo do Snapdragon 625, se bem que com uma redução na velocidade de funcionamento do cores A53 (1.8GHz vs 2.0GHz no 625) e no processador de imagem mais limitado. Quem pretender um desempenho extra na gama média-baixa deverá olhar para o Moto G6 Plus, que apresenta um Snapdragon 630.

O A1 SD Bench decidiu não cooperar. O estranho é que resolveu fazê-lo nos 5 smartphones que estou a testar. Procurei perceber porque é que o valor da escrita não passava para o relatório final, mas ainda não consegui descobrir a razão para esta anomalia. Assim sendo, ficamos apenas com os resultados do AndroBench, que registou 237MB/s em leitura e 118MB/s em escrita (sequencial).

Estes resultados estão em linha com o esperado para este hardware, garantindo uma experiência de utilização sem compromissos, sem grades hesitações ou pausas. Ficam contudo um pouco aquém face a outras ofertas existentes no mesmo segmento de mercado.

Neste campo, uma palavra ainda para o ecrã, com os 424 pixels por polegada a permitirem uma imagem muito nítida, o que contribui decisivamente para uma experiência de utilização muito agradável.


O Moto G6 apresenta um sistema de carregamento rápido, denominado TurboPower, capaz de permitir a carga do equipamento até 15W. O carregador de origem disponibiliza três relações de carregamento, 5C/3A, 9V/1,6A e 12V/1,2A. Na imagem em cima, temos o Moto G6 a ser carregado a 4,79V/2,78A, através da porta power delivery de um carregador Anker.

A câmara



O software da câmara aparece muito bem apetrechado, com opções para todos os gostos. A interface é simples e clara, com uma fila de ícones à esquerda ( modo automático/manual, fotografias activas, temporizador, flash e modo HDR. À direita, três ícones, para acesso ao vídeo, fotografia e modos de fotografia/vídeo:

  • retrato, imagens com o fundo desfocado
  • recorte, para substituir o fundo da imagem
  • destaque de uma cor
  • panorama
  • scan de texto
  • face filters - "caras engraçadas"
  • câmara lenta
  • timelapse




Para quem goste de fazer umas brincadeiras com os amigos, os face filters podem dar origem a fotografias engraçadas, para partilharem nas redes sociais.



A inteligência artificial está na ordem do dia, sendo por isso alvo de atenção por todas as marcas. A Motorola não foge a esta regra e apresenta uma funcionalidade que promete reconhecer objectos e edifícios que estejam a fotografar, oferecendo informações com apenas um click (no ícone apresentado na primeira imagem em cima). No caso em questão, a smart camera detectou uma flor com pétalas lilás, que era efectivamente o que estava a ser fotografado.


 Nos outros testes que efectuei, esta câmara acabou por se revelar menos inteligente, não sendo capaz de identificar o logótipo de outra marca, nem uma laranja, nem sequer um pequeno "Android". Segundo o que consegui apurar, a detecção de objectos não apresenta a mesma eficácia que a fotografia de monumentos, pelo que o melhor será utilizarem esta funcionalidade apenas para estes últimos - ou arriscarem-se a ter bastantes surpresas.


Pela positiva, a câmara conta já com suporte o Google Lens, que também serve para identificar o que está na imagem, sendo capaz de fazer um melhor serviço no reconhecimento de texto e objectos. Para tirar as teimas, o Google Lens não teve dúvidas na identificação do logótipo. ;)


O sistema de focagem automático não é dos mais rápidos mas compensa com o facto de ser eficaz, pelo menos na grande maioria das vezes. Quando não o for, têm sempre o modo manual como alternativa, que foi precisamente o que fiz quando tentava fotografar a flor lilás apresentada na imagem em cima.


Em ambientes bem iluminados, a dupla câmara traseira consegue bons resultados, mas o modo automático tem tendência para a sobre-exposição da foto, pelo que por vezes terão de ajustar a manualmente a exposição. À noite, a qualidade da fotografia baixa substancialmente, com a imagem a apresentar falta de detalhe.


Apreciação final



A Motorola está oficialmente de volta a Porugal e regressa em grande com um excelente produto no segmento de preço entre os 200 e os 300€. É certo que este Moto G6 (249€) não vai ter a vida facilitada pois os tempos são outros e, ao contrário do que aconteceu com o Moto G e Moto G2, agora não há falta de concorrentes de peso neste segmento.

Contudo, este Moto G6 tem argumentos para se bater com os seus rivais directos. Apresenta o desempenho equilibrado que sempre caracterizou a série Moto G, acrescentando-lhe um rol de funcionalidades extra que normalmente só estávamos habituados a ver nos equipamentos topo de gama. Este valor acrescentado do software acaba por compensar as limitações do hardware, e poderá ser uma mais valia face a outras ofertas disponíveis no mercado.

A dupla câmara traseira é capaz de proporcionar bons resultados, embora a sua inteligência artificial ainda tenha muito que aprender - algo que a Motorola poderá fazer facilmente através de actualizações. Considerando tudo isto, o Moto G6 marca o regresso a Portugal com um prestigiado "quente".



Moto G6
Quente


Prós
  • Qualidade de construção
  • Funcionalidades extra

Contras
  • Capacidade A.I. da câmara bastante limitada




Moto G6

Quente (4/5)

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