2018/07/30
Jovens refugiam-se nas contas "flop" do Instagram para discutirem os temas da actualidade
Vivem-se tempos complicados em termos de credibilidade de tudo o que se vê, ouve e lê, com o fenómeno das "fake news" a espalhar-se a ritmo desenfreado; e em resposta a isso, as gerações mais novas têm-se refugiado nas contas "flop" do Instagram.
A Internet não é imune à passagem dos anos, nem tão pouco aqueles que com ela convivem. Para umas gerações, a Internet ainda é algo que remonta aos tempos dos modems a chilrearem para fazer uma ligação - acompanhada por uns berros bem altos a dizer para ninguém em casa pegar no telefone para fazer um telefonema; para outros, é algo que já os acompanhou desde sempre, estando implícito que fazer o download de alguns gigabytes é algo que se faz em minutos, e que os smartphones e tablets são coisas que "sempre existiram".
É também certo e sabido que cada geração encontra o seu "poiso" especial na internet. Em tempos o Facebook era associado aos jovens (os velhotes ainda iam falando do GeoCities, MySpace e hi5); mas agora o Facebook já passou a fazer parte dos "velhos", e as gerações mais recentes vão-se distribuindo por serviços como o Snapchat, grupos do WhatsApp e outros locais. E um desses locais são as contas "flop" no Instagram.
As contas flop começaram por ser um local onde alguns jovens partilhavam os "flops" (falhanços) dos canais de notícias tradicionais; e depressa evoluíram para centros de discussão onde nenhum assunto é tabu e onde todos são livres para partilhar as suas opiniões, perguntas e receios. É uma evolução curiosa que resulta da falta de confiança que se tem criado em redor dos canais oficiais, que cada vez mais são vistos como canais que pertencem a um ou outro lado que tenta promover os seus próprios interesses e combater as visões contrárias (o que infelizmente me parece ser verdade em grande parte dos casos). Nestes grupos, falando com outras pessoas reais, espera-se que a discussão seja mais saudável e "verdadeira", promovendo que cada um pense por si e chegue às suas próprias conclusões.
... De certa forma pode considerar-se que é o equivalente moderno às velhas "conversas de café", quando os cafés eram o ponto de encontro de grupos de amigo, e onde se tinha o mesmo tipo de discussões - em formato "analógico" e frente a frente. Mas tal como em qualquer lado, espero que os jovens frequentadores desses espaços tenham a noção que nem sempre os terrenos são equilibrados, e que não é pelo facto de se ter uma pessoa eloquente e argumentativa que significa que aquilo que ela diz é verdade. Aliás, temo até que muitas vezes seja exactamente o oposto... os profissionais das "fake news" são peritos em falar, falar, falar, e ter contra-argumentos preparados para todo o tipo de dúvidas que lhes possam ser lançadas.
O que só vem demonstrar a importância fundamental que se tem que depositar na educação... e não aquela que é dada na escola, mas sim a que tem que ser dada em casa, sob pena daqueles jovens seres poderem ser facilmente influenciáveis e eventualmente recrutados para linhas de pensamento que podem ter repercussões bastante preocupantes.
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Com efeito, vejam-se as coisas: há apenas 6 anos atrás, fui "pioneiro" na criação de uma comunidade no infantário da minha filha para ajudar os pais a comunicar melhor as coisas entre si.
ResponderEliminarAgora, com a segunda criança na mesma situação, o canal que antes fora utilizado (um simples grupo no Facebook) já não é aceitável pelos pais desta "fornada".
Agora, é tudo por um grupo no WhatsApp... E sou eu que não me adapto muito bem aquela molhada toda no telemóvel...
Conclusão: em menos de uma década, fiquei "velho" do ponto de vista tecnológico...