2018/10/16

App Store faz render milhões a apps que enganam utilizadores


O período da "corrida às apps", em que todos pensavam que se poderiam tornar milionários de um dia para o outro por conta de uma app, já terminou; mas isso não invalida que realmente existam apps milionárias na App Store... e muitas delas providenciando rendimento à custa de enganar os utilizadores.

A Apple tem recomendado aos developers que passem a adoptar um sistema de subscrições para manterem um rendimento mais constante (coisa que também é do seu interesse, uma vez que ganham a sua comissão), e há muitos que têm seguido essa recomendação... da pior forma.

Se no topo da lista das apps mais rentáveis temos o habitual lote de apps conhecidas (como Netflix, Spotify, etc.) o cenário começa a revelar a dimensão do problema à medida que vamos espreitando as apps que vão surgindo algumas dezenas de lugares mais abaixo. Na posição 69 temos uma app de scan de documentos, que está a facturar mais de 14 milhões de dólares por ano; mais abaixo ainda encontramos uma app QR Code Reader, que mesmo na posição 220 rende mais de 5 milhões por ano(!) para fazer algo que a câmara nativa do iOS já faz de origem!

E como é que isso é feito? À custa de enganar os utilizadores de modo a que subscrevam um serviço.




Estas apps recorrem a todas as técnicas possíveis para levarem os utilizadores a clicarem em botões que dizem "experimente gratuitamente"... não referindo que o tal período experimental é de apenas alguns dias, após os quais lhes começará a ser cobrado o valor recorrente da app. No caso da app de QR Codes, estamos a falar de 156 dólares por ano!

Algumas chegam ao ponto de esconder os botões de sair sem subscrever, de modo a que um utilizador mais incauto fique perante as opções de "subscrever já" ou "experimentar gratuitamente"... e que o irão levar a pagar, de uma forma ou de outra.


Adicionalmente, não ajuda que o processo de ver e gerir as subscrições na App Store seja um verdadeiro desastre, obrigando o utilizador a percorrer um verdadeiro labirinto de opções até que se chegue à secção pretendida:


Uma situação um pouco estranha... especialmente quando se trata de algo que está a ser abusado desta forma, e que deveria ser de fácil acesso para que os utilizadores / vitimas pudessem esclarecer a situação e cancelar serviços indesejados com a mais brevidade possível


Em contraste, na Play Store da Google, o acesso às subscrições está acessível num só toque, em posição de destaque - algo que a Apple bem poderia replicar na App Store.


Utilizar subscrições "fraudulentas" como forma fácil de fazer dinheiro não é propriamente novidade. Todos se recordarão certamente do terror que eram os serviços de subscrição de toques de telemóvel ou de imagens de fundo, que iam "evaporando" o saldo das contas dos utilizadores a alta-velocidade; e que ultimamente levaram a que os operadores fossem obrigados a disponibilizar formas de cancelar o acesso a serviços de valor acrescentado (embora ainda seja possível ser apanhado nessas teias das cobranças de serviços indesejados). Se isto se está a tornar popular na App Store, parece-me inevitável que a Apple tenha que fazer algo idêntico... pelo menos, começando por facilitar o acesso à gestão das subscrições.

3 comentários:

  1. Claro que depois a Apple Store tem lucros fabulosos em comparação há da Google, como sempre tenho afirmado de uma forma consistente e coerente com as minhas posições, sem esconder o quanto detesto a política que a Apple usa como uma das mais bem sucedidas coordenações corporativistas que visa e só isso mesmo a ganância do lucro desmesurado, sendo um dos emblemas do ultra neo-liberalismo no Mundo.

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    1. O ultra neo-liberalismo começa quando o cidadão adiciona dados de pagamento à sua conta Apple ou Google.

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  2. Têm dinheiro para gastar em iPhones, mas não têm cabeça para pensar...

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