2018/10/04

BitTorrent está em crescimento - e a culpa é dos conteúdos exclusivos


Depois de ter caído drasticamente, a utilização dos "torrents" tem estado novamente em crescimento e a culpa, diz-se, é do excesso de serviços de streaming e dos seus conteúdos exclusivos.

O mais recente relatório da Sandvine revela que, depois uma queda acentuada na utilização dos torrents - de 52% para 26% de 2011 a 2015 - a sua utilização tem estado novamente a aumentar. Se naquele período a redução se deveu em parte a uma maior disponibilização de serviços de streaming legais (está comprovado que a chegada de serviços como o Spotify e Netflix tiveram impacto profundo em termos de redução da pirataria), agora temos o caso que resulta da política de "se eles têm sucesso, vamos fazer o mesmo!"

Ou seja, nos últimos anos temos assistido a uma proliferação de serviços de streaming, onde tudo e todos querem ter o seu próprio serviço de streaming: dos canais de TV, aos estúdios de cinema, aos serviços independentes, e tudo o mais. Com esta proliferação, a táctica utilizada para tentar atrair clientes é recorrendo a conteúdos exclusivos - mas, como já tínhamos previsto há muito - a questão é que, se a maioria dos consumidores até estará disponível para pagar por um, ou até dois, ou talvez até três serviços de streaming... é completamente insustentável esperar que o faça para uma dezena deles.

E então, quando se passa do caso ideal de ter uma plataforma de streaming que disponibiliza tudo o que se quer ver, para uma situação em que cada série ou filme que queira ver esteja exclusivamente disponível numa diversidade de serviços separados... a opção mais natural será simplesmente regressar aos "velhos hábitos" de procurar esses conteúdos na internet.

É também fácil prever no que isto irá dar: muitas destas plataformas não conseguirão resistir a longo prazo, assistiremos a novas sessões de caça à pirataria com a acusação de que estão a ser "o fim da indústria", os maiores continuarão a resistir nem que seja por conta dos bolsos cheios à custa dos seus outros negócios; mas infelizmente sem que sejam dados os passos importantes que seriam necessários, no sentido de repensar a indústria e distribuição de modo a acabar com conteúdos exclusivos. Tal como a internet nos permite ter acesso a todo e qualquer site (ignorando-se os casos das censuras e bloqueios), também as plataformas de streaming deveriam ser apenas o canal que ligam os consumidores aos conteúdos existentes.

Enquanto assim não for...que não se queixem dos seus clientes perdidos optarem eles mesmos por recorrer ao acesso directo aos ditos conteúdos.

3 comentários:

  1. Pena o "WebCompanion", que instala sem autorização.
    Desde a ultima instalação fresca que fiz do Windows 10, que optei pelo Deluge, infelizmente o Bittorrent e o Utorrent, instalam esse WebCompanion

    Pena, gostava bastante do Bittorrent..

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  2. Eu sempre idealizei 2 ou 3 serviços de streaming que nos dessem a totalidade dos seus catálogos, e tanto acredito nisso ainda que sou subscritor de 3 serviços Spotify, Netflix, Amazon, agora se continuarem a proliferar serviços e mais serviços, começa a ser incomportável, embora eu de bom grado dispensaria a Amazon e os canais todos que os nossos ISPs nos fazem chegar.

    A abordagem do Spotify que não tem o catálogo total Internacional, mas tem uma boa fatia dele e não é conteúdo exclusivo seria o modelo a seguir por futuros concorrentes da Netflix.

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  3. E não esquecer o DRM e as guerrinhas infantis entre a Google (YouTube) e a Amazon (Prime Video).

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