2019/03/07

Zuckerberg promete um Facebook preocupado com a privacidade para o futuro


Estamos numa altura em que falar de Facebook e privacidade na mesma frase faria pensar que se está no dia 1 de Abril, mas é precisamente isso que Mark Zuckerberg promete para o futuro, numa alteração radical de todos os princípios fundamentais do Facebook.

O Facebook tem estado a enfrentar uma situação complicada, com todas as revelações dos abusos dos dados dos utilizadores, tentativas de interferir com leis de privacidade, incapacidade de combater fake news e moderar conteúdos devidamente (para além da obtusa censura de coisas como um simples mamilo ou uma mulher a amamentar). Coisas que têm destroçado por completo a sua reputação, tanto internamente (queda abrupta no ranking de locais ideais para trabalhar), como externamente (só nos EUA perdeu mais de 1 milhão de utilizadores por mês no último ano).

Mais preocupante é que, todos estes abusos fazem parte da "fundação" do Facebook, que desde sempre tem vivido à custa de saber o máximo possível sobre os utilizadores, e de vender essa informação, de forma directa ou indirecta. Situação que, como agora se começa a descobrir, chegou a tal ponto de abuso que começou a exigir regulamentação legislativa que coloca travões nesses procedimentos, com a ameaça de multas milionárias - como o RGPD europeu. E, como de costume, o Facebook tem resposta preparada...

Talvez procurando chocar e baralhar os críticos, nem que seja para tentar obter algum tempo e espaço de manobra, Zuckerberg apresenta um plano para o futuro que aparenta ser o oposto de tudo aquilo que o Facebook tem sido, prometendo colocar a privacidade dos utilizadores à frente de tudo, com serviços completamente encriptados que impedem o próprio Facebook de saber o que os utilizadores estão a dizer entre si.

Coisas que, em si, são muito positivas, mas que - para além de serem apenas promessas que de nada valem até serem cumpridas - continuam a deixar de fora muitos aspectos preocupantes sobre tudo aquilo que o Facebook poderá continuar a fazer para usar os utilizadores como fonte de rendimento. Por exemplo, o Facebook nada diz quanto ao que fará a respeito dos metadados das comunicações dos utilizadores; o mesmo tipo de dados que continua a permitir criar perfis detalhados sobre cada indivíduo.


Com mais de 2 mil milhões de utilizadores, o Facebook não está em situação que se possa considerar crítica. Essa vasta legião permite-lhe continuar a operar "como sempre" durante anos e anos. A grande questão é saber se será possível recuperar a sua reputação de forma a (re)conquistar a confiança dos utilizadores... ou se agora terá que se resignar a fazer os possíveis por ir mantendo os utilizadores actuais, e para sempre sendo olhado com total desconfiança por todos os outros, independentemente de tudo o que disserem, prometerem ou fizerem.

1 comentário:

  1. O Facebook é um excelente galinheiro.
    Gerido por um dos mais afamados lobos de que há memória.

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