O imponente ecrã touchscreen de 17" que ocupa a consola central dos Model S e Model X é uma das imagens de marca da Tesla, mas é também uma fonte de problemas devido a não ser um ecrã adequado para utilização automóvel - sofrendo de uma praga de "ecrãs amarelos".
Os ecrãs dos Model S têm sido atormentados por problemas - o que não é nada agradável para quem compra um automóvel que custa mais de 80 mil euros - e a origem parece estar no facto do ecrã não estar preparado para este tipo de utilização.
Quando a Tesla estava a desenhar o Model S e decidiu utilizar um touchscreen de 17", inédito no sector, não havia nenhum ecrã adequado para o efeito. Elon Musk pensava que a tarefa seria simples, uma vez que não faltam ecrãs de 17" utilizados em portáteis, que também estão sujeitos a abusos diários; mas as coisas para a indústria automóvel são bem diferentes. As temperaturas no interior de um automóvel exposto ao sol num dia de Verão podem superar os 80ºC, baixarem para 20ºC numa questão de minutos (quando se liga o A/C), e no Inverno chegarem a dezenas de graus negativos. A isto acresce as constantes vibrações enquanto se está em circulação.
A Tesla acabou por seleccionar um painel industrial da Innolux fazendo alguns testes adicionais... mas que o deixam apenas no patamar mínimo "grau 4" a nível de resistência de temperatura (suportar 408 horas de funcionamento a 90ºC) - sendo que o resto da indústria automóvel recomenda que componentes para a consola central tenham pelo menos uma certificação de "grau 2" (408 horas de funcionamento a 125ºC). A diferença pode não parecer muita, mas há muitos clientes da Tesla que seguramente discordarão.
Ecrãs com bolhas, a verter adesivo derretido, manchas amareladas, são tudo sintomas de problemas de excesso de temperatura, que a Tesla tem tentado disfarçar. Em 2016 implementou um modo que limita a temperatura máxima no interior do habitáculo a 40ºC, ligando o ar condicionado se necessário. Um modo que foi anunciado como sendo de protecção para o caso de se esquecerem crianças ou animais no interior, mas que muitos acusam ter sido um modo para proteger o LCD.
I'm so old, I remember when everyone pretended that a 105 degree "max temp control" was a safe temperature for pets and kids and not just a way to prevent Tesla's non-automotive grade screens from bubbling and leaking adhesive everywhere. pic.twitter.com/LN73FnwEeJ— E.W. "Extreme Believer" Niedermeyer (@Tweetermeyer) February 14, 2019
O que é certo é que, depois de ter andado durante anos a prometer a reparação dos ecrãs, a Tesla mudou recentemente a conversa, dizendo que estava a preparar "ferramentas" para reparar os ecrãs afectados e, mais recentemente, recusando-se a fazer a substituição gratuita dos ecrãs com manchas amarelas (e cobrando $1346 por um novo ecrã, para quem o quiser fazer).
A grande pergunta é saber se nos Model 3, que nem sequer tem painel de instrumentos à frente do volante, ficando totalmente dependente do ecrã na consola central, a Tesla já terá optado por um ecrã de nível "automóvel". Senão, arrisca-se a não ter falta de trabalho na assistência pós-venda.
P.S. Nos forums de queixas dos Model S dizem que a Tesla já tem uma nova geração de ecrãs que terá ficado disponível há poucas semanas.
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