2020/02/10

Análise aos auriculares Sony WF-1000XM3


A Sony detém um estatuto incontestável no segmento dos headphones. Estes auriculares Sony WF-1000XM3 acabaram por ser uma agradável surpresa em termos de qualidade de som, justificando com facilidade o seu preço face a outras ofertas disponíveis no mercado.



Confesso que sou um admirador dos headphones da Sony. Fui, durante muitos anos, fã da Sennheiser mas bastou uma passagem no stand da Sony na IFA 2016 para me deixar conquistar pelos Sony MDR-1000X, headphones que acabei por vir a comprar alguns meses mais tarde numa promoção na Amazon. Não foi uma decisão fácil, porque mesmo com desconto ainda paguei €250, mas três anos passados - embora já mostrando algum peso da idade - continuam a cumprir a sua missão, fazendo maravilhas com o seu cancelamento de ruído durante as viagens diárias de comboio.



Numa troca de palavras sobre o tema "auriculares", tive a oportunidade de testar por breves minutos os WF-1000XM3 e acabei bastante decepcionado, com o som a parecer-me perfeitamente banal ao nível de auriculares muito mais baratos.



Fruto de compromissos já assumidos, a análise aos Sony WF-1000XM3 acabou por ter ficar adiada por algum tempo, subsistindo a dúvida qual às potencialidades do produto, algo que vamos abordar neste artigo.


Os auriculares Sony WF-1000XM3



Os auriculares apresentam-se numa caixa compacta, a qual aloja aos auriculares, a caixa de transporte, 7 pares de "pontas", das quais 3 são de silicone, 3 são de esponja (mais confortáveis) e um par de silicone pré-instalado nos auriculares, cabo USB para carregamento e a documentação de referência.



A caixa de transporte apresenta linhas clássicas, com o corpo a ser um pouco maior que o habitual para este tipo de equipamento. Este último é constituído por duas partes, alojamento dos auriculares e tampa de protecção, a qual oferece alguma resistência ao abrir e fechar para garantir que estas acções não são efectuadas involuntariamente.



Na zona inferior da caixa temos uma porta USB-C para o carregamento da mesma. De acordo com os dados divulgados pela marca, uma carga completa garante até 6 horas de autonomia. A caixa de transporte serve igualmente para o carregamento, garantindo 3 cargas adicionais, o que no conjunto perfaz 24 horas de autonomia. Caso não façam uso da funcionalidade para cancelamento do ruído, uma carga completa pode atingir as 8 horas de utilização, elevando ao autonomia total para as 32 horas.



Quando não houver muito tempo disponível e os auriculares estiverem sem carga, bastam 10 minutos dentro da caixa de transporte para garantir até 90 minutos de utilização, registo suficiente para uma curta viagem. Uma carga completa dos auriculares leva uma hora e meia. A caixa necessita de três horas e meia para carregar a bateria interna. De referir que o processo de carregamento é assinalado por LEDs em tom vermelho (nos auriculares e caixa).

Sempre que estiverem a ficar com pouca bateria, é emitido um aviso sonoro a dar conta desse facto. Podem igualmente consultar a percentagem de carga de ambos os auriculares e caixa, na aplicação que a Sony desenvolveu para apoiar a utilização destes WF-1000XM3.



Para que o transporte e processo de carregamento decorra sem surpresas inesperadas, a caixa dispõe de um sistema magnético que garante o posicionamento dos auriculares dentro da caixa, não deixando que caiam por acidente.

As 6 horas de autonomia anunciadas são contudo demasiado optimistas, com a utilização dos auriculares a pender bem mais para as 4h, com um consumo de ~30% por hora, com cancelamento de ruído activo.





Em utilização



Carregados os auriculares, é tempo de começar a desfrutar da sua utilização. Na primeira utilização será indispensável efectuar o emparelhamento com o equipamento que irá reproduzir os conteúdos. Caso este último possua NFC, este processo fica facilitado com um simples toque.



No caso do Android, ao abrir a tampa da caixa de transporte, o Google Assistant detecta os auriculares possibilitando o seu emparelhamento.



Em alternativa, têm a aplicação Headphones da Sony e ainda o processo manual, acessível através da pressão prolongada do auricular (6 segundos). No caso do iOS, são as alternativas disponíveis.




A aplicação Headphones não é estritamente necessária para se utilizar os auriculares, mas tendo em conta o manancial de funcionalidades disponível, merece no mínimo a atenção do utilizador. Na primeira secção é apresentado o estado da bateria dos dois auriculares, assim como da caixa de transporte. sendo este dado actualizado sempre que se retirem ou insiram os auriculares na caixa. Ainda nesta secção, no canto superior direito, temos dois ícones, um para desligar os auriculares e outro para acesso ao menu de definições, onde poderão encontrar as seguintes opções:


  • Tutorial
  • Versão do firmware
  • Abrir a aplicação Music Center
  • Informações
  • Sobre a App

O tutorial é particularmente interessante nos primeiros dias de utilização, servindo como auxiliar para esclarecer possíveis dúvidas sobre a operação dos auriculares.

A segunda secção permite configurar o funcionamento do sistema de cancelamento de ruído. Este último pode funcionar de modo autónomo, ou através da conjugação do som ambiente, disponível em 20 níveis de configuração, processo efectuado de forma manual numa barra horizontal.

Em alternativa, é possível utilizar um sistema automático para detecção do som ambiente, que irá seleccionar um de quatro perfis de utilização: descanso, andar, correr e transportes. Quando em viagem, a aplicação dá destaque ao cancelamento de ruído; quando em descanso, à voz e som ambiente.



Este processo de detecção automática do som ambiente mostrou-se bastante eficaz a identificar as condições em que o utilizador se encontra, dispensando assim a necessidade de alterar manualmente o perfil na aplicação. Sempre que sejam detectadas alterações no meio ambiente, a aplicação selecciona um novo perfil, emitindo um sinal sonoro, que notifica o utilizador desse facto.

O nível de eficácia do cancelamento de ruído acaba no entanto por ser reduzido, sendo mais uma atenuação que um verdadeiro cancelamento. Não que não se detectem diferenças entre os perfis de utilização, bem pelo contrário. O modo de cancelamento de ruído é que fica aquém do desejável, sobretudo quando (injustamente) comparado com o nível de desempenho de uns bons auriculares "sobre a orelha". Contudo, restringindo as opções aos modelos in-ear, estes Sony WF-1000XM3 conseguem bater a concorrência com alguma facilidade, mostrando ser uma alternativa superior em termos de cancelamento de ruído na sua classe de produto.

A terceira secção apresenta o equalizador, o qual disponibiliza 8 configurações pré-definidas, ao que se junta um modo manual e duas configurações livres, para serem ajustadas pelo utilizador.

Na quarta secção, os controlos de reprodução, volume e identificação da música que se está a ouvir, com o nome da faixa, banda e álbum.

A configuração do áudio 360 é feita na quinta secção.




A gestão da qualidade sonora é feita na sexta secção, com o utilizador a poder optar entre a máxima qualidade no áudio, ou em alternativa, dar primazia à estabilidade na ligação ao equipamento a que os auriculares estão ligados. É igualmente possível controlar a utilização do Digital Sound Enhancement Engine HX (DSEE HX), funcionalidade que tem como objectivo melhorar a qualidade sonora dos ficheiros de música digital comprimidos para os aproximar da qualidade do áudio de alta resolução. Esta opção acaba por servir de conforto, para colmatar a ausência de suporte para os codecs aptX e LDAC, com os Sony WF-1000XM3 suportarem unicamente AAC e SBC, o que em termos globais acaba por não comprometer, com os auriculares a mostrarem-se bastante melodiosos.




Na sexta secção é possível configurar a função a executar ao tocar em cada um dos auriculares, podendo o utilizador escolher entre o controlo do som ambiente, da reprodução do áudio, volume, Google Assistant ou Amazon Alexa. Cada uma desta opções disponibiliza um leque de funções, que varia consoante a entrada seleccionada para o auricular. Para este efeito, a Sony optou por um sistema bastante interessante, com diferentes tipos de toque, os quais variam com a opção escolhida. A título de exemplo, o som ambiente tem apenas duas opções (tocar pressionar continuamente), já o controlo da reprodução tem quatro opções ( play/pausa, próxima música, música anterior e chamar o assistente de voz).

As últimas três secções permitem configurar a opção de desligar automaticamente os auriculares, definir o idioma da ajuda áudio e as actualização automática do software.


Apreciação final



Com o mercado dos auriculares in-ear em franca expansão, a Sony soube estudar o mercado e apresentar um solução capaz de se bater com os produtos já existentes no mercado, reunindo nestes WF-1000XM3 um conjunto de características de elevada qualidade.



A qualidade de construção está ao nível do que se espera de um produto de topo. O corpo, constituído por três blocos, permite que se segurem os auriculares sem receio de os deixar cair, ao mesmo tempo que garante conforto em utilização, graças a borracha de alta fricção, entre o bloco exterior e a membrana que se insere na cavidade auricular. Haverá contudo que contar com o facto de os auriculares não possuírem qualquer nível de certificação IPX, o que desaconselha a sua utilização para a prática desportiva.

Em termos de autonomia, estes Sony ficaram aquém do anunciado pela marca, que apontava para 6 horas de utilização, com cancelamento de ruído activo. Na utilização efectuada, os auriculares consumiram 30% da bateria em uma hora, levando a que no global, a autonomia se fique por pouco mais de 4 horas de utilização contínua. Esta situação deve-se à utilização da funcionalidade DSEE HX, a qual reduz o tempo de utilização em duas horas, tendo a qualidade de som um elevado peso no consumo da bateria. Para conseguirem as 6 horas anunciadas, terão de forçosamente de abdicar do DSEE HX.

A caixa de carregamento obriga à utilização do cabo USB-C, não permitindo a utilização de um sistema de carregamento sem fios, que seria bem mais prático de se utilizar. Tratando-se de um produto premium, seria de esperar a sua inclusão.

O cancelamento de ruído é refém do formato dos auriculares, com o in ear a não conseguir fazer milagres. Já a qualidade sonora, foi uma franca surpresa. Com a utilização prolongada dos auriculares a permitir identificar com maior clareza o som aberto e equilibrado destes Sony WF-1000XM3. Os agudos são limpos sem caiarem nos exageros do som estridente, o que permite não ofuscar os graves, que surgem com uma sustentação inesperado neste formato in ear. Foi um verdadeiro prazer ouvir um mítico Sultans of Swing ao vivo, com a guitarra do Mike Knopfler a brilhar a alto nível num solo inesquecível, sendo este um excelente cartão de visita para os Sony WF-1000XM3 que, de certa forma, conseguiram envergonhar a qualidade sonora dos meus velhinhos Sony MDR-1000X.

Não sendo um produto perfeito, são garantidamente auriculares com grande potencial, sobretudo em termos de qualidade sonora e conforto em utilização, argumentos suficientes para garantir uma distinta classificação de "Quente". Embora tenham um preço oficial de 250 euros, já é possível encontrar estes Sony WF-1000XM3 por valores próximos dos 200 euros.



Sony WF-1000XM3


Quente




Prós

  • Qualidade de som
  • Conforto em utilização


Contras

  • Cancelamento Atenuação de ruído
  • Caixa sem carregamento wireless
  • Autonomia com DSEE HX activado



Earphones Sony WF-1000XM3

Quente (4/5)

2 comentários:

  1. Em relacao a lag para entre o audio e imagem no caso de estares a ver videos no telemovel?

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    1. Não foi algo que tenha testado com profundidade, mas que me lembre, estava sincronizado.

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