2020/07/12
Google proíbe publicidade a apps de espionagem mas deixa porta aberta para que continuem a existir
A Google vai proibir a publicidade a apps de stalkerware, que façam a espionagem secreta de utilizadores, mas o efeito prático será nulo pois simultaneamente indica-lhes aquilo que têm que fazer para que possam continuar a existir como até agora.
O stalkware engloba aquilo que se pode considerar spyware supostamente legal, sendo apps que permitem monitorizar e espiar secretamente pessoas. São ferramentas muitas vezes promovidas como forma de manter um olhar atento sobre o que os mais novos andam a fazer com os seus smartphones; mas que também acabam por ser bastante procurados por pessoas em relações abusivas que queiram espiar o seu parceiro.
Depois de instalada esta app num smartphone, a pessoa que a instalou passa a saber a sua localização em tempo real, ter acesso às suas mensagens, fotos, aquilo que publica nas redes sociais, e até poder escutar o microfone para saber o que diz e usar as câmaras para ver o que se passa.
A proibição da publicidade a estas apps seria, por isso, muito bem vinda - mas as boas intenções da Google nem sequer escondem que não terão qualquer impacto. Isto porque indicam desde logo que a proibição não será aplicada no caso de apps destinadas a "serviços de investigação privados" ou que se destinem a "pais que desejem monitorizar os seus filhos menores". Ou seja, bastará às apps de stalkerware apresentarem-se como apps destinadas à espionagem de crianças e poderão continuar a fazer publicidade na rede da Google como sempre.
É exactamente aquilo a que em Portugal se costuma dizer que equivale a "tentar tapar o sol com uma peneira".
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