2020/09/19

Challenger: The Final Flight explica o que correu mal


A explosão do Space Shuttle Challenger em 1986 é uma das grandes tragédias da exploração espacial, e agora temos um documentário na Netflix que disseca tudo o que se passou de errado.

Embora tivesse ocorrido numa altura em que os lançamentos do Space Shuttle se começassem a tornar rotineiros (mas ainda assim, muito abaixo do ritmo de lançamentos que tinha sido prometido pela NASA), este tinha a particularidade de contar com a primeira pessoa "civil" a bordo, a professora Christa McAuliffe. Uma jogada mediática que visava criar a ideia de que estaria para breve a possibilidade de qualquer pessoa poder ir ao espaço. Infelizmente, 73 segundos após o lançamento, a excitação e esperança transformaram-se em horror e desespero.

Embora me lembre perfeitamente deste trágico acidente, na altura não tinha idade (nem internet) para acompanhar as investigações que resultaram disto, sabendo apenas, de forma geral, que tinha a ver com um problema nos foguetes auxiliares. Agora, este documentário Challenger: The Final Flight permite finalmente saciar toda a curiosidade, explicando exactamente todo o processo que levou a esta tragédia, revelando uma série de atitudes e abusos flagrantes, que ignoraram todos os avisos de que uma desgraça estaria para breve.


Os foguetes adicionais do Space Shuttle, responsáveis pela maior parte do impulso durante a fase inicial do lançamento, estavam a dar problemas desde o início. A empresa que os produzia eventualmente acabou por descobrir que o problema estava numas juntas de borracha entre as diferentes secções que compõem o foguete, que perdiam a elasticidade a baixas temperaturas e se iam danificando. Foi considerado um problema grave que deveria obrigar à suspensão dos lançamentos, mas a NASA estava sob forte pressão para fazer mais lançamentos, tendo um dos seus directores assinado uma medida de excepção para permitir que os voos continuassem, apesar dos problemas.

Infelizmente, o lançamento do Challenger a 28 de Janeiro coincidiu com um período excepcionalmente frio, tendo passado a noite com temperaturas negativas. Quase todos os engenheiros e astronautas estavam convencidos que o lançamento seria adiado, mas infelizmente a NASA decidiu avançar mesmo assim - depois de ter forçado a empresa que produzia os "boosters" a trocar a sua recomendação inicial de não-lançamento. O resto, como se diz, é História. Resta vê-la, relembrá-la e partilhá-la, para que os erros do passado ajudem a evitar que sejam repetidos no futuro.

Agora fico à espera que façam um documentário idêntico para o desastre do Columbia.

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