A Apple está a ser duramente criticada pelo CEO do Telegram por silenciar vozes na Bielo-Rússia e proibir que se diga que foi por ordem da Apple.
Na Bielo-Rússia atravessam-se momentos complicados, com muitos cidadãos a não se resignarem perante uma vitória alegadamente manipulada do presidente Aleksandr Lukashenko. Muitos desses cidadãos têm unido esforços usando o Telegram para comunicarem, e foram precisamente alguns desses grupos que foram silenciados por imposição de Apple, que exigiu a remoção de conteúdos dizendo que continuam elementos pessoais identificativos, referentes às pessoas que estão a ser acusadas de ter ajudado na manipulação.
Se até aí ainda se poderia dar o benefício da dúvida à Apple, no que vem a seguir as coisas complicam-se: é que a Apple também proibiu que o Telegram apresentasse uma mensagem explicativa do estilo "este conteúdo foi removido por exigência da Apple". Uma táctica que já tinha usado recentemente quando o Facebook também quis apresentar uma mensagem a explicar porque motivo tinha que cobrar uma comissão mais elevada por conta dos 30% da App Store.
Explicações que a Apple diz serem "irrelevantes" e por isso desnecessárias - mais que desnecessárias, proibidas. Para uma empresa que se tem apresentado como sendo defensora dos direitos dos cidadãos, estas acções não ficam nada bem e, como se costuma dizer: as acções falam mais alto que as palavras.
2020/10/16
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Tristes.
ResponderEliminarSão uma espécie de pequenos ditadores fascistas digitais.
neste caso são ditadores comunistas
EliminarDe modos que de um lado temos os "combatentes da liberdade" - que denunciam nos canais do Telegram, com nome e número de telefone os
ResponderEliminar"opressores violentos e aqueles que ajudaram à fraude eleitoral".
Trocando por miúdos, oficiais da polícia e forças de segurança da Bielorússia.
O que disse a Apple à TASS (agência de notícias russa): "A Apple afirma ter recebido solicitações de utilizadores, informando que os seus dados pessoais, incluindo nomes e números de telefone, foram postados em vários canais do Telegram. A Apple não solicitou ao Telegram o bloqueio de nenhum canal, diz a empresa. Em vez disso, a Apple comunicou ao Telegram as solicitações recebidas e pediu a exclusão de informações divulgando dados pessoais e conteúdo relacionado, de acordo com as regras da App Store.
A equipe do Telegram não levantou objeções ao discutir o assunto e prometeu tomar medidas para verificar essas informações, diz a Apple. A empresa exige que todos os aplicativos estejam em conformidade com as regras da plataforma em relação ao conteúdo do utilizador, acrescentou a Apple."
Agora a tal questão. Diz o Telegram que retirava os posts e colocava lá "retirado por ordem da Apple" e que a Apple lhe disse que não podia ser, que não cumpria as regras da aprovação da app. A coisa é apresentada como a Apple estando a censurar os combatentes da liberdade, mas não quer que se saiba (e daí salta-se para a mensagem do Facebook "a Apple cobra 30% de comissão", que é outra história que interessa muito ao Telegram, que a Apple também disse para retirar).
Mas ... a Apple está mesmo a censurar os combatentes da liberdade e o seu maior defensor, o Telegram? Está certo os canais do Telegram divulgarem os nomes e números de telefone dos polícias em funções? Se houver uma mudança de regime, os "novos combatentes da liberdade", que passaram do governo para a oposição, passam a divulgar no Telegram o nome e telefone dos polícias em funções e outras pessoas?
A mim parece-me uma atitude pragmática e sensata da Apple: as apps que aprovamos não servem para isso. Usem o Telegram do Android ou outra plataforma.
"Ditadura! Bate o pé, bate o pé! iOS igual ao Android é que é! Quem é que se julga a Apple para impor o cumprimento de regras ... se são sensatas ou não, não interessa!" ;-)
O que isto demonstra é que em termos de independência, falta de facto uma plataforma universalmente utilizada onde cada um possa instalar o que quer e que nenhum terceiro (seja lá quem for) possa simplesmente impor que se tenha de retirar isto ou aquilo porque sim, ou por uma qualquer razão.
ResponderEliminarDesta vez até pode ser que tenham razão, mas daqui amanhã é porque alguém está a divulgar algo de criminoso cometido por alguém de algum estado que exige a sua remoção... para não sofrer as consequências de seus maus atos.
... Que não será amanhã, mas já hoje, segundo os "silenciados".
EliminarAlguém sabe se isto poderia acontecer com O signal, por exemplo? Se calhar o problema são os "inconformados" a usarem a ferramenta errada.
ResponderEliminarCreio que estás a confundir mensagens privadas e comunicações de grupo com os canais do Telegram, que podem ser privados ou públicos. Do que se está a falar no post é de canais públicos do Telegram, para transmissão pública de mensagens para grandes audiências. Acede-se através da app Telegram para Android, iOS e outras plataformas.
EliminarAlguns posts em alguns canais públicos divulgaram o nome e nº de telefone mil polícias. O objetivo é claro, como são o suporte do regime, essa forma de intimidação enfraquecia o regime.
Eu só acho graça é ao pessoal preocupado com a privacidade com a proteção dos dados pessoais mas acha muito bem que se publique a identificação dos polícias da Bielorrússia.
Mas os polícias já foram condenados por algum tribunal? E mesmo assim, num estado direito, as sentenças para serem divulgadas omitem o nome do criminoso, porque a divulgação do nome constitui uma pena acessória.
Mas não deixa de ter graça a Apple dar um sinal sobre a importância da proteção, pelas redes sociais, dos dados pessoais e ser acusada de ditadora. Agora estão em causa os dos polícias da Bielorrússia, amanhã são os de quaisquer outros.
Mais uma razão para instalar o Telegram então
ResponderEliminarOu melhor ainda:
Eliminar- Signal: cifrado
- Element: cifrado e descentralizado
Espero pelo dia que o Aberto sai do slack para o Element :)