2021/01/04

Etiquetas de privacidade da Apple revelam escala de recolha de informação do Facebook e WhatsApp

A Apple implementou "etiquetas de privacidade" para as apps, e os resultados saltam à vista - especialmente quando se olha para as apps do Facebook, como o WhatsApp.

O Facebook tem estado furioso com a Apple a propósito da nova pergunta de tracking entre apps que está a chegar ao iOS 14, mas o seu incómodo com a marca da maçã não se fica por aí. Com as novas etiquetas de privacidade que visam dar mais transparência ao tipo de dados que as apps recolhem e usam, o cenário começa a ficar cada vez menos "opaco" para o Facebook e para tudo aquilo que recolhe sobre os utilizadores.

Por exemplo, veja-se a diferença na quantidade de dados recolhidos entre quem usa o Messages (iMessage) da Apple e o WhatsApp do Facebook, com o primeiro a cingir-se ao número de telefone, email, histórico de pesquisa e identificador do equipamento - e o segundo a multiplicar isso com coisas como: histórico de compras, dados de pagamento, dados de utilização, localização, e mais.

Não será de admirar que o Facebook se tenha sentido na necessidade de publicar um artigo a justificar e explicar cada uma das coisas que recolhe, tentando amenizar a diferença na quantidade de dados recolhidos. Sendo que, o que seguramente não poderá / quererá explicar é tudo aquilo que conseguirá inferir a partir dos metadados do WhatsApp, apesar da encriptação end-to-end das mensagens.

Mas, claro que temos ainda melhores - e piores exemplos. A app Signal, que tem sido considerada a app de referência por quem se preocupa com a privacidade, faz essa preocupação sobressair nas etiquetas da Apple ao indicar que não recolhe nem usa nenhum dado privado - enquanto, do lado oposto, o Facebook Messenger faz os dados recolhidos pelo WhatsApp parecerem insignificantes, revelando a verdadeira escala do apetite do Facebook em saber tudo e mais alguma coisa sobre cada um dos seus utilizadores.

Não me parece que as pessoas deixem de usar uma app de um dia para o outro unicamente por causa destas etiquetas; sendo que a maioria delas continuará a instalar as apps que "sempre usou" sem sequer olhar para mais nada. Mas, com o passar do tempo, ao estilo do que vai acontecendo com as etiquetas nutricionais nos alimentos no super-mercado, é provável que algumas pessoas comecem a dar um pouco mais de atenção... e comecem a se interrogar porque motivo uma app recolhe tanta coisa, quando outra que serviria como alternativa não o faz - e, nessa altura, talvez as coisas comecem a mudar.

4 comentários:

  1. Facebook é um autentico cancro...

    ResponderEliminar
  2. Mas há quem goste desse cancro, o importante é manter-se na moda

    ResponderEliminar
  3. O barato sai caro. O Facebook, sendo à borla, tem de fazer dinheiro de alguma forma, incluindo o Instagram. Se as pessoas não estivessem tão ávidas a publicar (mostrar) o que têm, o que comem, onde comem, onde estão, com quem estão, o que viram, como se sentem, do que gostam (via likes) ou apoiam ou não apoiam via comentários.etc.. O pessoal não se pode queixar de uma plataforma grátis, que apenas se alimenta do que os proprios utilizadores lá colocam livremente....

    ResponderEliminar