O Facebook de um apoiante de Biden é completamente diferente de um apoiante de Trump, e o mesmo acontece para muitas outras classes de utilizadores.
Quando começou a interferir com aquilo que aparecia no feed de notícias dos utilizadores, o Facebook ganhou um poder descomunal para moldar a realidade para cada utilizador, e isso é algo que salta à vista quando se espreita aquilo que o FB mostra a utilizadores de diferentes perfis. É um teste que se torna possível devido à colaboração de milhares de pessoas, que aceitaram partilhar aquilo que o Facebook lhes apresenta nos seus feeds, e que passa a ser associado ao tipo de perfil que tem.
Noutros tempos, o Facebook limitava-se a apresentar aquilo que os utilizadores escolhiam seguir e nada mais. Depois, com a desculpa de que esse sistema resultava em excesso de informação que impedia os utilizadores de verem as coisas mais importantes, o Facebook passou a interferir activamente naquilo que é apresentado, escolhendo o que deve ser visto e o que deve ficar escondido. O resultado é que, mesmo para utilizadores tenham dito que gostavam de determinada página, é bem provável que só vejam uma pequena amostra daquilo que por lá passa, com o Facebook a dar prioridade aos conteúdos que são promovidos (leia-se: pagos) para aparecer. Uma táctica que passou a ser tão comum, que até chega ao cúmulo de pedir aos utilizadores comuns que paguem para promover algumas das suas publicações para garantir que os seus amigos as vêem!
Com tudo isto, o resultado é que o "mundo" que é visto no Facebook por um apoiante de Trump é completamente diferente do que é visto por um apoiante de Biden, e isso ajuda a explicar o extremar de posições que se tem verificado nos EUA, e que normalmente resulta em enorme surpresa de parte a parte sempre que acontece alguma coisa. Pois quer de um lado, quer do outro, temos pessoas que vivem em bolhas exclusivas que estão cada vez mais distanciadas uma da outra.
Se é certo que isto não é exclusivo do Facebook, pois já existe em jornais e canais televisivos desde muito antes de haver internet, é também certo que o Facebook não se pode descartar da responsabilidade que tem ao se ter tornado numa ferramenta perfeita para campanhas de desinformação à escala global.
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Fala-se muito no Facebook, mas o mesmo acontece no Youtube. Seria bom que também se prestasse mais atenção ao Youtube.
ResponderEliminarExacto,talvez e atenção talvez foi assim que a teoria da terra plana surgiu
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