São muitas as vozes que se vão insurgindo contra estes planos da Apple, uma empresa que desde sempre se tem focado na protecção da privacidade dos seus utilizadores - ao ponto de combater uma ordem do FBI que implicava quebrar as protecções existentes nos iPhones para facilitar o acesso aos dados de um alegado terrorista. Esta medida tem sido vista por muitos como uma forma bastante bem delineada para fazer a vontade aos grupos que desejam implementar backdoors nos sistemas de encriptação, disfarçando-o com uma justificação que será difícil de contrariar: a da protecção de menores contra abusos sexuais.
Mas o grande problema é que o sistema com o qual querem proteger as crianças, pode tornar-se ele próprio numa ferramenta de abuso, e isso é algo que será inevitável acontecer.
Apple's filtering of iMessage and iCloud is not a slippery slope to backdoors that suppress speech and make our communications less secure. We’re already there: this is a fully-built system just waiting for external pressure to make the slightest change. https://t.co/f2nv062t2n
— EFF (@EFF) August 5, 2021
No ocidente a Apple pode dizer que o sistema apenas irá detectar imagens relacionadas com abusos sexuais. Mas a Apple nunca escondeu que segue as leis de cada país; e com isso, que irá fazer quando um determinado país dizer que não são só essas fotos que são ilegais, mas que toda a pornografia deve ser detectada e denunciada, ou determinada iconografia religiosa, ou rostos de mulheres destapados, ou pessoas de determinada cor ou etnia? É o chamado caminho sem retorno no qual os abusos, que poderão começar timidamente de forma quase imperceptível, irão crescendo e crescendo até se perguntar "mas como é que chegamos a este ponto?"
Afinal não teremos só que nos preocupar com os iPhones infectados com o spyware do NSO Group quanto a espiarem os seus utilizadores; a própria Apple está a certificar-se que isso será algo fornecido de origem com os seus produtos.
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