2021/08/07

EFF critica planos da Apple para espiar fotos dos utilizadores

Os planos da Apple para espiar as fotos dos utilizadores com a justificação do combate ao abuso sexual de crianças, e de denunciar crianças que recebam mensagens com fotos ou videos "indesejados", começa a enfrentar críticas de todos os sectores.

São muitas as vozes que se vão insurgindo contra estes planos da Apple, uma empresa que desde sempre se tem focado na protecção da privacidade dos seus utilizadores - ao ponto de combater uma ordem do FBI que implicava quebrar as protecções existentes nos iPhones para facilitar o acesso aos dados de um alegado terrorista. Esta medida tem sido vista por muitos como uma forma bastante bem delineada para fazer a vontade aos grupos que desejam implementar backdoors nos sistemas de encriptação, disfarçando-o com uma justificação que será difícil de contrariar: a da protecção de menores contra abusos sexuais.

Mas o grande problema é que o sistema com o qual querem proteger as crianças, pode tornar-se ele próprio numa ferramenta de abuso, e isso é algo que será inevitável acontecer.


No ocidente a Apple pode dizer que o sistema apenas irá detectar imagens relacionadas com abusos sexuais. Mas a Apple nunca escondeu que segue as leis de cada país; e com isso, que irá fazer quando um determinado país dizer que não são só essas fotos que são ilegais, mas que toda a pornografia deve ser detectada e denunciada, ou determinada iconografia religiosa, ou rostos de mulheres destapados, ou pessoas de determinada cor ou etnia? É o chamado caminho sem retorno no qual os abusos, que poderão começar timidamente de forma quase imperceptível, irão crescendo e crescendo até se perguntar "mas como é que chegamos a este ponto?"

Afinal não teremos só que nos preocupar com os iPhones infectados com o spyware do NSO Group quanto a espiarem os seus utilizadores; a própria Apple está a certificar-se que isso será algo fornecido de origem com os seus produtos.

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