O Huawei Watch 3
A Huawei, além da documentação de referência, apresenta uma base de carregamento e pequeno rectângulo de papel, com um QR-Code, ao qual voltaremos mais à frente.
O Huawei Watch 3 mede 46,2 mm x 46,2 mm x 12,15 mm e pesa 54 gramas, ao que terão de somar o peso da pulseira (disponível em "fluoroelastómero", couro ou aço inoxidável). O ecrã Amoled de 1,43" apresenta uma resolução de 466 x 466 pixéis, com 326 PPP. Tem 2GB de RAM e 16GB para armazenamento, com parte deste a ser utilizado pelo sistema operativo HarmonyOS.
Em termos de sensores, conta com:
- Sensor de aceleração
- Sensor giroscópico
- Sensor geomagnético
- Sensor óptico de frequência cardíaca
- Sensor de luz ambiente
- Sensor de pressão atmosférica
- Sensor de temperatura
Este smartwatch pode estar submerso na água, apresentando uma classificação "5 ATM", equivalente a 50 metros ou 5 bar. Esta classificação assegura que podem tomar banho com o relógio ou até mesmo dar uns mergulhos na piscina, mas já não será recomendável nadar por longos períodos ou efectuar mergulho com o Huawei Watch 3.
No que diz respeito a ligações, suporta WiFi (2,4GHz), Bluetooth (5.2 BLE), navegação (GPS, GLONASS, Galileo e Beidou). Se assim desejarem, podem também utilizar um eSIM, que tornará este smartwatch ainda mais independente do smartphone.
Na lateral possui os tracionais dois botões, se bem que desta vez com uma novidade no principal, que além da pressão, também permite a sua rotação.
O sistema de carregamento está na traseira, havendo a possibilidade de utilizar outros carregadores para além do que a marca disponibiliza. Haverá contudo que testar, pois nem sempre corre bem, com o relógio a aquecer em demasia, sendo o carregamento interrompido. Uma palavra para o sistema de bloqueio das braceletes, que surge simplificado, com apenas um travão, o que facilita bastante a instalação e remoção desta última.
Em utilização
Tendo em conta o actual panorama da Huawei no mercado dos smartphones, optámos por testar o smartwatch com o Pixel 3a da Google. Instalada a aplicação Health (Saúde) da Huawei, acedemos ao separador "Dispositivos" desta app e escolhemos a opção adicionar, tendo sido surpreendidos com o facto de a versão da aplicação disponível no Google Play, não suportar o Huawei Watch 3. A sugestão passava por actualizar a app através da App Gallery da Huawei, opção que não nos pareceu a mais indicada, visto o Pixel 3a ter pleno acesso ao Google Play.
A opção acabou por recair no QRCode que referimos no unboxing, o qual aponta para um endereço onde poderão descarregar a aplicação Huawei Health, elemento basilar para a gestão do smartwatch.
A Huawei sugere mais uma vez a App Gallery, dando igualmente a opção de fazer o download através do browser, tendo sido esta a modalidade escolhida para a instalação da app. O facto de não optarem pela loja da Huawei não vai ter qualquer impacto na utilização do relógio ou da app, com esta a ter um sistema de actualizações integrado, que dispensa a ida ao Google Play, o qual de resto continua a apresentar uma versão altamente desactualizada da aplicação Huawei Health.
A versão mais actualizada da app Huawei Health, surge com algumas novidades em termos de configurações, passando a obrigar à criação de uma conta Huawei, algo que até agora não tinha acontecido. Esta conta irá servir para sincronizar os dados online, o que sendo útil, não deveria dispensar a possibilidade de utilizar o smartwatch sem a referida conta.
A aplicação detecta o smartwatch automaticamente, com o processo de emparelhamento a decorrer sem problemas.
O emparelhamento continua altamente simplificado, mas com surpresas, havendo outra novidade além da conta Huawei. Os Huawei Mobile Services (a alternativa da Huawei aos Google Mobile Services) passam a marcar presença, tendo que ser obrigatoriamente instalados, ficando o utilizador com uma duplicação de serviços.
O sistema de controlo por gestos (sem novidades), recebe agora a companhia do botão lateral superior, que através de um sistema de rotação, permite emular os movimentos de swipe no ecrã.
O gesto de deslizar do dedo de cima para baixo, dá acesso ao menu de atalhos rápidos, que surge agora com muito mais opções, havendo que navegar dentro deste ecrã, anteriormente estático.
Com o ecrã activado, a pressão prolongada sobre o mesmo permite escolher uma das muitas face disponíveis, havendo opções para quase todos os gostos.
É possível manter o ecrã desligado quando não se está a utilizar o smartwatch, sendo igualmente possível activar a opção de ecrã sempre ligado. A marca avisa desde logo que esta opção terá impacto na autonomia, algo a que voltaremos mais à frente neste artigo
Para minimizar o impacto no consumo da bateria, quando não em utilização, a face apresentada passa para uma versão minimalista.
Poderá o leitor pensar que não utilizando a loja de apps, poderá passar sem o teclado, mas a realidade é outra, pois para configurar o WiFi, terão de recorrer ao teclado para introduzir a senha da rede escolhida.
Quando no ecrã principal, um gesto de swipe lateral para a esquerda, mostra os widgets que estejam a correr. Nível de saturação de oxigénio (SpO2), registo de actividade física, batimento cardíaco e a temperatura da pele, são as opções apresentadas, sendo que a carteira, pese embora faça parte da lista, ainda não está disponível no nosso país.
Se o gesto de swipe for efectuado de baixo para cima, são apresentadas as notificações, organizadas por grupo de app e no final um caixote que permite apagar todas as notificações. Apagar no smartwatch, porque no smartphone, continuam no estado anterior, sem sofrer alteração.
Acedendo a um grupo de notificações, é possível ler as mensagens de chat (WhatsApp, SMS), mas apenas texto, ou o email, com o smartwatch a apresentar o remetente e o título.
A prática desportiva é talvez a área mais desenvolvida em termos de software, com mais de 100 opções de exercício: 19 profissionais (desportos de interior e ao ar livre) e 85 personalizados, sendo que o smartwatch detecta automaticamente os 6 tipos de exercício mais comuns, de onde curiosamente, o ciclismo continua a não fazer parte.
O botão inferior pode ser configurado para correr uma aplicação ou funcionalidade, com a prática de exercício físico a ser a opção que vem configurada de fábrica, num claro incentivo a levantarem o rabo do sofá. Basta escolherem a opção pretendida e começar a treinar, havendo várias configurações de ecrã para acompanhar os níveis de desempenho.
Uma das novidades do software, está na ausência de limites para a correcção da distância, sendo que o Huawei Watch 3 está muito mais preciso neste aspecto, apresentando um resultado muito próximo do real.
A pressão do botão superior activa o menu de aplicações, agora disponível em duas modalidades.
Além do já conhecido modo lista, passar estar disponível um modo grelha, em tudo semelhante ao que o Apple Watch apresenta.
Neste modo grelha, o gesto de juntar dois dedos reduz a dimensão dos ícones, no sentido inverso aumenta os mesmo, podendo o utilizador recorrer ao sistema de rotação do botão lateral superior para garantir o mesmo efeito. A pressão de apenas um dedo, permite navegar por entre os ícones, com estes dois sistema em conjunto a serem bastante úteis para quem tenha muitas aplicações instaladas, algo que por certo passará a ser bastante comum, com a multiplicidade de opções que a App Gallery disponibiliza directamente no smartwatch.
Para efectuar uma pesquisa de apps, terão de utilizar o teclado que vem de origem com o smartwatch, não tendo o mesmo sido desenvolvido pela Huawei, mas sim por um parceiro, o que obriga a aceitar mais uma série de condições de utilização. Tratando-se de uma funcionalidade tão sensível, considera-se que a mesma deveria ser disponibilizada pela marca e não por uma outra entidade, algo que contribuiria para elevar os padrões de segurança.
E sim, não deverão dispensar o WiFi, pois as actualizações, embora sejam apresentadas no smartphone, só poderão ser descarregadas no smartwatch, através da ligação sem fios (isto claro, se não tiverem um eSIM instalado).
No sentido oposto, o gesto de swipe mostra a previsão do tempo e o controlo da reprodução de música.
Para terminar a sessão, basta pressionar o botão superior, São apresentadas 4 opções: bloquear o ecrã, controlar o nível de som, retomar a actividade e terminar a mesma.
Ao terminarem o exercício, é apresentado um resumo da prestação efectuada. Um gesto de swipe vertical, apresenta um conjunto alargado de dados relativos ao desempenho do atleta.
O ultimo ecrã é particularmente interessante, apresentando o tempo de recuperação até à próxima actividade física, permitindo que não se entrem em loucuras, que por norma, dão maus resultados, com lesões "inesperadas".
Toda esta informação fica apenas disponível para uma única consulta no smartwatch, ficando disponível na aplicação saúde, após sincronização dos dados, não sendo contudo possível alterar os registos das actividades realizadas.
A aplicação saúde concentra igualmente os dados relativos às informações que estejam a ser recolhidas no smartwatch. Caso durmam com o mesmo, terão acesso a um detalhado relatório sobre o sono. Se forem para a cama mais cedo, o relógio pode ser enganado, com a consulta das redes sociais a ser confundida com uma boa soneca.
Apreciação final
Além da prática desportiva, o utilizador tem ao seu dispor várias aplicações, cobrindo as opções mais comuns, pelo que é provável que nem tenham necessidade de instalar outras apps, algo que como já referido, será simples de efectuar, através do acesso à App Gallery no próprio relógio.
A grande limitação está na autonomia e no (lento) processo de carregamento da bateria. As novas opções de software (loja de apps, as animações mais requintadas, teclado para escrita) e hardware (WiFi, temperatura da pele e registo de mais actividades físicas), têm um fortíssimo impacto na autonomia, que passa de duas semanas (Huawei Watch GT2) para dois dias, se não utilizarem a opção de ecrã sempre ligado. Caso optem por o fazer, não terão mais que dia e meio de autonomia, pelo que o melhor mesmo será carregar o Huawei Watch 3 todos os dias. Se praticarem desporto e sobretudo se utilizarem a função GPS, o carregamento diário será inevitável, o que para quem pretenda controlar o sono, poderá ser um problema, pois terá de efectuar o carregamento durante o dia.
Para o fazer, poderão utilizar a comodidade que o sistema de carregamento sem fios oferece, tendo que ter sempre em atenção a compatibilidade dos carregadores, por forma a evitar o sobre aquecimento que terá como resultado a interrupção do processo de carregamento, que levará cerca de duas horas a completar. O smartphone poderá ser um auxiliar neste campo, caso suporte o sistema de carregamento inverso.
A qualidade de construção exemplar, seguindo os pergaminhos que a Huawei já habituou os seus clientes, uma interface melhorada, com um design mais refinado e elegante, acabam por ser altamente penalizados pela autonomia, que baixa consideravelmente, face ao que o modelo anterior apresentava. Este poderá ser o requisito a ter maior peso na decisão do consumidor. Se o carregamento diário, ou de dois em dois dias, não for um problema, este Huawei Watch 3 (preço na casa dos 370€) será sempre uma boa opção, podendo inclusivamente ser utilizado com smartphones de outras marcas, iPhone incluído. Se por outro lado, a autonomia for um requisito essencial, a opção deverá recair em outras opções, como o Huawei Watch GT2, que actualmente pode ser adquirido por uns simpáticos 170€.
Sendo a autonomia um requisito fundamental no nosso sistema de avaliação dos equipamentos, o Huawei Watch 3 fica limitado a um modesto "Morno".
Huawei Watch 3
Morno
Prós
- Qualidade de construção
- Monitorização de mais de 100 actividades físicas
Contras
- Autonomia
- Preço
Aberto até de Madrugada
Morno (3/5)
Sem comentários:
Enviar um comentário (problemas a comentar?)