China apresenta localização nas redes sociais para se distanciar do resto do mundo

Há muito que as redes sociais permitem que os seus utilizadores partilhem o local onde estão, mas na China isso passou a ser obrigatório e com um propósito diferente do que se poderia imaginar.

Embora há muito se tenha tornado desaconselhado partilhar publicamente a localização, é algo que pode ser feito em círculos de amigos, facilitando o processo de saber por onde andam, ou até coordenar algum encontro imprevisto. Mas na China, isso torna-se na sua mais recente arma de propaganda.

A China há muito que controla tudo o que é dito e feito na (sua) internet, com a censura a fazer parte do dia a dia dos habitantes. Mas agora, a mais recente táctica passa por revelar a localização dos utilizadores em todas as publicações que façam nas redes sociais, com o objectivo de facilitar a discriminação.

Aquilo que a China descreve como sendo uma ferramenta para facilitar a identificação de campanhas de desinformação de outros países contra a sua imagem, torna-se na verdade numa ferramenta de assédio, fazendo com que publicações de certas regiões mais polémicas sejam desde logo desvalorizadas; e praticamente fazendo esquecer qualquer conteúdo que tenha origem fora do país, que mesmo sendo feito por cidadãos chineses emigrados, passam a ser automaticamente tratados como "espiões ocidentais" que têm como único propósito desestabilizar a "perfeição" do sistema chinês.

É prática comum nos países com governos autoritários tentarem convencer a sua própria população como "polícias" que denunciem pensamentos contrários. Com a revelação da localização, a China dá mais um passo nesse sentido, fazendo com que sejam os próprios cidadãos e "influenciadores" a terem mais uma arma para desvalorizar qualquer coisa que seja dita, não pelo conteúdo em si, mas apenas pela sua origem.