Demorou, mas Tim Cook aguardou pelo momento de apresentação dos Apple Vision Pro para recuperar o célebre "one more thing" de Steve Jobs, demonstrando as grandes expectativas que tem para este novo produto que acredita ser o próximo passo de sucesso para a era pós-iPhone.
Os Apple Vision Pro são uma autêntica demonstração de óculos VR de luxo nos quais não se pouparam despesas. Temos dois ecrãs micro OLED 4K, eye tracking, 12 câmaras, integrando câmaras frontais para captar o ambiente, câmaras 3D e LIDAR, e até câmaras apontadas para baixo para captar os gestos feitos com as mãos. Temos um chip M2 acompanhado por um chip R1 dedicado ao processamento das câmaras e sensores. Também não ficou esquecida toda a parte modular para garantir que os óculos assentam perfeitamente em cada pessoa, com o bloco que toca no rosto a poder ser trocado por modelos com diferentes formatos e tamanhos; tal como acontece com a banda de suporte que sustenta os óculos na parte de trás da cabeça (não deixará de ser curioso que a Apple não tenha optado por um suporte no topo da cabeça, já que este sistema irá obrigatoriamente exercer maior pressão sobre o rosto dos utilizadores). Também existe um sistema de encaixe magnético para lentes correctivas, para assegurar que todos os utilizadores poderão usufruir da experiência VR sem preocupação com o uso de óculos tradicionais.
O sistema utilizado é o novo visionOS, e os óculos contam com sistema de autenticação por íris designado por Optic ID, que a Apple diz ser mais segura que o Face ID e que não se deixa enganar por gémeos ou por máscaras.
Pelo lado negativo, também ficou confirmado que os óculos ficam dependentes de um pack de bateria externo, de tamanho idêntico ao de um power bank, ao qual fica ligado através de um cabo (com nova ficha proprietária!) - que a Apple, na sua tradição, conseguiu disfarçar magistralmente na maioria das demonstrações que apresentou.
Há mais detalhes técnicos que ficam por revelar, nomeadamente o campo de visão que proporcionam, e que também será de importância crítica. Mas o que se sabe desde já é que a Apple anunciou estar a trabalhar com a Unity - e certamente algo arrependendida de estar em litígio com a Epic, impedindo o uso do Unreal Engine que teria sido bastante eficaz a mostrar coisas espectaculares.
Nas demonstrações, a Apple apresenta os óculos como sendo capazes de ser usados tanto como um ecrã virtual sobre o mundo, que permite o posicionamento e utilização de apps tradicionais sem os constrangimentos físicos do espaço de ecrã; ou de poder transportar o utilizador para outros mundos virtuais que o façam esquecer o local onde estão, e com essa transição a poder ser ajustada através de um botão rotativo. No entanto, e para quem ambicionava criar toda uma nova plataforma, a opção por um home screen tradicional com uma grelha de icons para as apps, tal como o homescreen de um smartphone, acaba por parecer pouco ambiciosa - mas sendo algo que a Apple provavelmente optou por seguir por uma via mais tradicionalista do que por uma via mais radical.
O grande problema é que, por interessantes que tenham sido as demonstrações, e mesmo aceitando-se que os consumidores estarão dispostos a andar com óculos com cabo pendurado até à cintura, tudo acaba por cair por terra quando se descobre que os Apple Vision Pro irão ter um preço de 3499 dólares quando forem lançados em 2024.
A Apple está a fazer uma grande aposta no VR com os Apple Vision Pro, mas este preço continua a manter sérias dúvidas sobre se os consumidores estarão dispostos a investir nisso.
Actualização: Os óculos funcionam a 90 Hz.
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