Actualmente existem milhares e milhares de modelos de carros em circulação, todos diferentes e no entanto todos iguais, pois todos eles foram concebidos com base num ponto comum: a de que é necessário um humano ao volante. Se retirarmos esse requisito, como poderão ser os carros autónomos do futuro?
Quase sempre, a evolução da tecnologia é feita de forma gradual, com base naquilo que existia antes - mesmo quanto tecnicamente isso poderá já nem fazer muito sentido. E isso é algo que se nota um pouco por todo o lado: porque motivo temos câmaras de vídeo digital que continuam a manter um formato idêntico ao das câmaras que tinham o formato que tinham pela necessidade de lá caberem "cassetes"; ou câmaras digitais DSLR que mantêm um corpo idêntico ao que era necessário para albergar rolos de película.
[a DJI Osmo é uma câmara livre das tradições do passado]
É por isso natural que com os carros aconteça a mesma coisa; sendo necessário "reinventar" o design automóvel, pois as prioridades irão alterar-se radicalmente. Em vez de um design feito em redor da posição do condutor, com todas as implicações que isso representa (necessidade de ter uma boa visão da estrada, considerações de segurança no caso de colisões, etc), a prioridade passará a ser outra - ou outras, em função do propósito do veículo.
Não será por deixar de ser necessário um condutor que deixaremos de ter veículos para diferentes necessidades: haverá veículos optimizados para viagens de curta distância, onde a prioridade poderá ser dada à facilidade de acesso na entrada e saída do veículo; haverá veículos vocacionados para viagens mais longas, onde será dada mais atenção ao conforto (e possivelmente a produtividade ou entretenimento a bordo); etc. etc.
[o Mercedes F105 já faz antever a despromoção do "condutor"]
E há ainda a considerar a questão de como os automóveis autónomos poderão revolucionar o aspecto de se ter automóvel próprio. Se, tal como se faz prever, a evolução siga no sentido da sociedade passar a usar serviços de transporte pessoal, onde o carro nos apanha e leva até onde desejarmos, e depois segue sozinho para fazer o mesmo para outras pessoas, acaba por se tornar irrelevante a componente de atracção visual pelo design de um automóvel. Nalguns casos, isso pode fazer com que o "carro" seja simplesmente um pequeno "pod" com rodas, como os mini-bus autónomos que vão circular em Inglaterra já este ano.
Claro que isto não será o fim dos "carros de sonho", nem do dito "prazer" de conduzir - isso serão coisas que continuarão a existir, apenas em formatos diferentes daquele a que estamos habituados. E pelo menos num aspecto há um prazer que milhões de pessoas poderão desfrutar diariamente: o prazer de não passar 1h ou 2h numa fila de trânsito no pára-arranca.
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