2016/04/29

MAPiNET e FEVIP satisfeitas com o bloqueio de 330 sites (ignorando o impacto nulo da medida)


O famoso memorando de entendimento que facilita o processo de bloqueio de um site sem qualquer supervisão (nem sequer seguindo as regras definidas no próprio memorando) continua a ser aclamado como sendo altamente positivo pelas entidades envolvidas, que optam por ignorar a realidade: de que essa medida não tem tido qualquer efeito prático,

Qualquer justificação de que este memorando está a funcionar cai por terra quando já se assistiram a episódios em que o mesmo foi usado para bloquear sites completamente legítimos (e até sites que nem sequer existem!) mas ainda assim, num colóquio sobre os direitos de autor, o mesmo foi usado como exemplo muito positivo do combate à pirataria - parecendo ignorar completamente a realidade.

É que na realidade, estamos perante uma mera operação cosmética, que não impede que os conteúdos continuem acessíveis e disponíveis na internet - e mesmo que o memorando implicasse formas de bloqueio mais complicadas de contornar, o resultado prático seria apenas fomentar o uso de outras ferramentas para se continuar a aceder aos mesmos... ferramentas essas que também vão ganhando resistência acrescida e que, ultimamente, serão impossíveis de bloquear (veja-se o que acontece na China, onde a forte censura apenas faz com que praticamente todos recorram a serviços de VPN.)

O mais assustador será ver estas entidades, e todos os seus especialistas, parecerem ignorar que este bloqueio (ilegal?) não tem qualquer resultado prático - a não ser talvez fomentar o uso de servidores DNS que não sofram deste problema - e que em vez disso deveriam direccionar os seus esforços para a educação e promoção de plataformas que facilitem o acesso legal aos conteúdos... de preferência sem tratar os clientes pagadores como criminosos (com os DRMs abusivos que só penalizam os clientes pagadores e que em nada impedem que esses conteúdos continuem a ser pirateados.)


Mais uma vez: a única forma de acabar com a pirataria é torná-la desnecessária, e isso passa por fazer com que, como ainda ontem fiz, eu tenha *querido* pagar por um álbum de música, mesmo quando a artista em questão disponibiliza todas as suas músicas no YouTube onde as costumo ouvir gratuitamente.

1 comentário:

  1. Oiçam só o último minuto deste podcast acerca deste assunto:
    https://youtu.be/opchWTAYyJE?t=20m55s

    (Atenção, este podcast é altamente NSFW, embora a parte final é pacífica)

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