2016/05/02

Análise ao Huawei P9

O Huawei P9 é um dos smartphones que mais curiosidade tem gerado nos últimos tempos, por usar uma combinação de duas câmaras na traseira, onde uma delas é monocromática, e o nosso Luis Costa já teve oportunidade de o experimentar para nos dizer que tal se comporta.


O Huawei P9 é o mais recente smartphone da gama P e chega ao mercado nacional amanhã, data em que será formalmente apresentado no nosso país. Este smartphone vem envolto numa elevada expectativa, fruto da parceira que a Huawei estabeleceu com a Leica, um dos históricos do mundo da fotografia. Na apresentação que teve lugar em Londres e onde tivemos o privilégio de estar presentes, foi precisamente a dupla câmara traseira que foi alvo de grande destaque, com Yu Chengdong (Richard Yu), CEO do Consumer BG da Huawei e Oliver Kaltner, Chief Executive da Leica a realçarem a importância do acordo que as duas empresas estabeleceram.

Esta parceria veio mexer com o mercado, de tal forma que houve quem colocasse em questão a materialização da mesma, o que levou a Huawei a vir a público reiterar o que anteriormente tinha anunciado: existiu colaboração significativa entre a Huawei e Leica em questões como o design óptico, o processamento da imagem, a construção mecânica do módulo, e até o interface apresentado ao utilizador.

O Huawei P9


O Huawei P9 é um smartphone de 5.2" (Full HD) com margens reduzidas nas laterais. Tem um processador HiSilicon Kirin 955, uma evolução face ao 950 que a Huawei apresentou no Mate 8. Este último tem quatro núcleos Cortex-A72 a 2.3 GHz mais quatro Cortex-A53 a 1.8 GHz. Já o Kirin 955 mantém os quatro núcleos Cortex-A53 para as tarefas menos exigentes, mas recebe uma actualização nos A72, passando estes últimos a ter uma velocidade máxima de 2.5GHz. Tem ainda um GPU Mali-T880 MP4 e um co-processador i5 para gestão dos sensores, o que lhe permite poupar em termos de processamento, com um natural impacto positivo em termos de autonomia.

Está disponível em duas versões, 3GB/32GB ou 4GB/64GB, ambas com a possibilidades de expansão através de cartão microSD. A câmara traseira dupla tem 2x12MP (com flash LED dual-tone e focagem laser), a frontal tem 8MP.
Tem uma bateria de 3000mAh e ficha USB Type-C. Sobre o Android 6.0 tem a interface EMUI, aposta da Huawei já de há alguns anos para os seus terminais.


[clicar aqui para mostrar especificações]


Em termos de empacotamento, temos uma regressão, tendo a Huawei optado por um sistema semelhante ao utilizado no seu P7. Não é que este não seja adequado, apenas o do P8 era mais requintado.


Em termos de acessórios, a Huawei disponibiliza um carregador de 2A para permitir um carregamento rápido, cabo USB Tipo C-Tipo A e auriculares.


A qualidade de construção apresentada pelos smartphones da Huawei já não será nesta altura uma surpresa para a grande maioria dos utilizadores. Foi assim que a marca chinesa conseguiu garantir a produção no Nexus 6P, ao apresentar um corpo único em metal com excelente nível de acabamento.


A Huawei conseguiu partir do trabalho desenvolvido para o P8 e neste P9 consegue apresentar um terminal com design ainda mais refinado, diria mesmo que sem concorrente à altura neste campo. As alterações introduzidas nestes P9 tornam o smartphone ainda mais agradável quando em utilização, com as laterais a encaixarem confortavelmente na mão e a traseira a apresentar um fino acabamento, quase parecendo seda. Curiosamente, o este facto não torna o equipamento escorregadio, ao contrario do que acontecia com o P7.


Na frente do smartphone temos um ecrã 2,5D de 5,2". Por cima deste, a câmara frontal, sensores de luminosidade e proximidade e uma coluna com protecção em rede, que dissimula o led de notificações. Este só fica visível quando activado.

Na traseira encontramos a dupla câmara e o flash de dois tons e uma referencia à Leica e suas lentes SUMMARIT . Este conjunto é destacado do corpo em metal, algo que a marca já tinha experimentado com o Nexus 6P. É nesta zona que encontramos o sensor de impressão digital, que depois de um formato circular, regressa ao rectangular com cantos arredondados.

Na lateral esquerda temos apenas o slot para os cartões SIM e microSD. À direita, o botão de power e por cima deste os de volume. Em cima, apenas o microfone, em baixo a saída de som com jack 3.5mm, microfone, ligação USB Tipo C e a coluna de som.


Software


Como referido, o Huawei P9 apresenta-se com a interface EMUI, versão 4.1 a correr sobre o Android 6.0 Marshmallow. Seguindo o procedimento que tem utilizado a cada novo lançamento, a Huawei lança actualizações para optimizar o software, sendo precisamente o que aconteceu com o P9. Há que registar um evolução nesta questão das actualizações, com o registo de alterações a aparecer em inglês, quando anteriormente chegou a vir em chinês - um pormenor "simples", mas que era necessário corrigir.


Um pormenor interessante, uma mini-introdução ao funcionamento da câmara, onde não falta um modo "Pro" para total controlo manual sobre todos os parâmetros.


Em termos de design, o EMUI mantêm-se praticamente inalterado. Os temas são uma das formas de dar um novo ar à interface. Para o fazerem, basta seguirem o guia que publicámos no Apps do Android. Para quem gosta de manter o mesmo look nos ícones, esta é uma excelente opção.


Área de notificações: P7 - P8 - Mate S - Mate 8

As notificações/atalhos, que a Huawei separa em duas áreas, são um bom exemplo de como é desejável que a marca proceda a uma revisão do design utilizado no EMUI. Houve uma transformação do P7 para o P8, mas daí para cá não ocorreram alterações relevantes.


O P9 mantém o design, ficando o utilizador com a possibilidade de utilizar um tema para modificar a interface-ícones a seu gosto.

Em termos de funcionalidades, a Huawei vai alargando o leque de possibilidades que disponibiliza ao utilizador. Destaco duas, a gestão de redes, com possibilidade de limitar acesso aos dados móveis/wifi e a gestão de memória/bateria.
Se a primeira é particularmente útil para evitar surpresas desagradáveis (já o P7 tinha esta opção e a Google continua a ignorar a mesma), já a segunda é mais incomodativa que útil. O Android é capaz de fazer esta gestão e se a Huawei considera a funcionalidade verdadeiramente útil, bem podia deixar a mesma desactivada, ficando à responsabilidade do utilizador definir quais a apps que deseja encerrar autenticamente- o mesmo que faz para o controlo do acesso aos dados.


Em funcionamento

Migração de conta do Nexus 6P para o Huawei P9

O salto que houve do Kirin 930/935 para o 950 foi significativo, mas como seria expectável, no caso do 950 para o 955, a diferença de desempenho não é detectável. No caso do P9, em termos de experiência de utilização e comparando com o Mate 8, o primeiro pareceu-me ligeiramente mais preso, talvez ainda a precisar de afinações fruto de modificações no EMUI. Nada que uma futura actualização não resolva.


A opção da Huawei pelo ecrã com resolução FullHD, é nesta altura questionável, pois trata-se de um topo de gama. Os seus pares apresentam resolução QHD, com as naturais implicações em termos de detalhe de imagem, desempenho e consumo de bateria. O Kirin 930 já dava muito bem conta do recado, pelo que o 955 o faz ainda com mais distinção. Tirando os referidos atrasos ocasionais, tudo se processa de forma extremamente fluída, sem qualquer tipo de arrastamento.

O sensor de impressão digital está cada vez mais rápido e eficiente, o que garante à Huawei a liderança neste segmento de hardware. Continuam presentes algumas funcionalidades (tirar fotos, passar imagens, acesso às notificações) conseguidos à custa de gestos feitos no sensor, que sempre lhe dão mais utilidade para mais do que simplesmente as impressões digitais, usando-o quase como um mini trackpad.


Em termos de autonomia, continuamos a ter um sistema muito equilibrado. O processador HiSilicon em conjunto com o ecrã FullHD e bateria de 3000mAh permitem um dia de utilização intensiva sem preocupações. É chegar a casa e por o smartphone a carregar. Em alternativa, podem recorrer ao sistema de carregamento rápido para ganhar um pouco de "sumo" num curto espaço de tempo.


Quem não tenha problemas com os dados móveis vai por certo gostar da função WiFi+ que está cada vez mais eficiente. No meu local de trabalho utilizo o modem WiFi, e sempre que me deslocava para fora do gabinete, o P9 tratava de alternar entre o WiFi e os dados móveis, garantindo a melhor conectividade. No caso de se encontrarem numa zona com cobertura deficiente, o P9 escolhe a melhor ligação - mas aconselhando a devida cautela por eventualmente poderem estar a usar dados móveis do tarifário mobile em vez do WiFi.

A(s) câmara(s)


O sistema de câmara dupla é uma das novidades deste P9, tendo sido desenvolvido em parceria com a Leica - e que se faz sentir desde logo num acesso fácil aos diferentes modos de fotografia incluindo o modo "Profissional" que dá acesso a todos os parâmetros da câmara de modo manual.

Por agora deixo-vos apenas com algumas fotos, pois em breve teremos um artigo dedicado exclusivamente à câmara do P9 onde analisaremos mais em detalhe esta combinação de um sensor monocromático que promete melhorar o detalhe das fotografias e captar maior luminosidade. Mas, numa primeira análise, as fotografias do P9 são de excelente qualidade... mas não conseguem superar a "magia" que a Samsung conseguiu fazer com o S7 em situações de baixa luminosidade.








Apreciação final


O Huawei P9 é um excelente smartphone, com uma qualidade de construção irrepreensível, a qual lhe garante um conforto em utilização muito agradável.

O ecrã, apesar de se ficar pela resolução FullHD, apresenta uma boa qualidade de imagem, com níveis de brilho que permitem uma boa visualização mesmo em ambientes de grande luminosidade.O processador, apesar de não bater recordes de desempenho, é competente o suficiente para uma utilização fluída e sem compromissos. O EMUI continua a ser o ponto menos conseguido do Huawei P9, acabando por ofuscar algumas das funcionalidades verdadeiramente úteis que a Huawei coloca ao serviço do utilizador. A câmara dupla é uma boa aposta, e que demonstra que a Huawei quer inovar; mas não fica ainda garantido que esta tenha sido a melhor aposta. Seja como for, não é isso que impede que este P9 seja uma excelente aposta... onde só fica a faltar uma opção que permitisse aos interessados escolherem por uma variante "Nexus" com Android sem modificações. :)


Huawei P9
Escaldante


Prós
  • Qualidade de construção
  • Sensor de impressão digital de topo
  • Algumas funcionalidades são verdadeiramente úteis
  • Autonomia

Contras
  • Ecrã "apenas" FullHD
  • Alguns atrasos ocasionais



Por: Luis Costa

6 comentários:

  1. Para algumas pessoas o ecrã "apenas" Full HD é uma vantagem.
    A diferença entre um ecrã QHD e Full HD nestes tamanhos e com a distância a que se olha para os telemóveis é inexistente e com menos pixeis poupa-se bateria e o GPU do SoC consegue "puxar" melhor.

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  2. A câmara ganha pontos é no bokeh digital que é possível obter com 2 objectivas, simulando aberturas altas na lente

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  3. Alguém me sabe dizer se este telemóvel é dual SIM?!

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    1. A versão dual SIM não chega ao nosso mercado.

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  4. Vários contras para um equipamento deste género. Não se podem personalizar as notificações quer em termos de som quer em termos de led. Se quiser personalizar um som diferente para notificações de entrada de sms e e-mail não permite. A cor do led é sempre verde independentemente da notificação. Pode-se instalar aplicações para alterar a cor do led mas não funciona bem. E a luz do led é tão fraquinha que mal se vê. Que saudades do Blackberry

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    1. Falta de possibilidades de configuração do LED de notificações é um mal geral do Android (basta ver como os Nexus tratam do assunto).

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