2013/06/07
EUA Espiam Toda a Internet com o PRISM
Bem me parecia que a questão do acesso à informação das chamadas por parte da NSA seria apenas a "ponta do iceberg" e assim é: há novo monstro à solta, e as suas implicações poderão mudar drasticamente a forma como se olha para a internet - e em particular todos os serviços norte-americanos (embora me pareça que o que eles fazem, outros países também repetem... ou gostariam de o fazer!)
Basicamente, o PRISM é um sistema que permite à NSA ter acesso a todo o tipo de informação que circula pela internet e passa por serviços norte-americanos, e que se torna ainda mais abrangente quando se considera que muitos dos dados que atravessam a internet acabam por passar - de uma forma ou de outra - por algum servidor de um serviço "americano".
Quer isto dizer que todos os dados que passam por serviços como o Gmail, Yahoo, Hotmail, Facebook, YouTube, etc. podem ser usados pela NSA para... o que bem entenderem. Essas mesmas empresas já vieram negar que disponibilizam estes dados à NSA, enquanto que da parte do Governo vão dizendo que discutir este assunto em público é contraproducente pois permite aos "inimigos" arranjarem formas de evitar a detecção - e que o sistema tem como objectivo espiar apenas pessoas de outros países e não os seus próprios cidadãos.
Basicamente um "confiem em nós que apenas utilizaremos todos estes dados para apanhar terroristas e não importunaremos pessoas inocentes"...
Sinceramente, não posso dizer que fique surpreendido. Há décadas atrás falava-se de que a NSA já tinha um sistema que escutava todas as chamadas telefónicas e era capaz de sinalizar chamadas que contivessem palavras chave como "bomba, casa branca, presidente". Se isso era feito numa altura em que a maioria das pessoas nem sonhava com reconhecimento de voz, imagine-se só o que poderão fazer agora com toda esta gigantesca rede de dados.
Não me surpreendia nada que, tal como no Facebook podemos pesquisar por "amigos dos meus amigos que tenham entre 20 e 30 anos e que morem em Nova Iorque", a NSA tenha algo que possa facilmente combinar todos esses dados para descobrir padrões anómalos que possam sinalizar comportamentos suspeitos.
O que é certo é que me parece que agora que isto foi trazido para a praça pública, vai ser impossível não se dissecar o assunto até à exaustão e saber até que ponto estas tácticas de suposta defesa da "liberdade" não são elas próprias um atentado à liberdade individual das pessoas que seria suposto proteger.
Para todos os não-americanos, torna-se também numa gigantesca chamada de atenção de que estão a ser tratados como potenciais terroristas, com todos os seus dados a serem vasculhados pelos EUA (faltando agora saber até que ponto isso é feito com a cumplicidade das empresas, ou sem o seu conhecimento/consentimento). Para muitas empresas e serviços, poderá ser a gota de água para faça com que muitas dessas empresas passem para a lista negra - e colocará por terra todos os argumentos de que serviços de importância nacional possam depender destas empresas para manter seja o que for em segurança.
Se até agora se podia esquecer o assunto e dizer que não passariam de teorias da conspiração criadas por "maluquinhos paranóicos", com a confirmação da existência deste PRISM... nada vai voltar a ser o mesmo.
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É por estas e por outras que eu não entendo porque é que as instituições portuguesas usam facebook e twitter como canal principal de comunicação. Eu percebo a ideia de divulgação fácil de informação, mas estar completamente dependente de um serviço de uma empresa estrangeira, ainda por cima sujeitos a toda esta espionagem é ridículo.
ResponderEliminarIsto é assim. Os visados desmentem categoricamente ter criado "backdoors" para que as autoridades tivessem acesso direto aos seus servidores. Garantem que só em casos concretos e com mandato judicial fornecem elementos dos utilizadores dos seus serviços.
ResponderEliminar't'ralmente" criaram um backdoor, por ordem judicial, num caso concreto, ninguém lhes disse que já não era preciso e por isso continua aberto ;-)
Lamentavel, mundo moderno, tenho medo do futuro, e saudades do passado em que podíamos expressar e pesquisae livremente e em particular. Eu me sinto um prisioneiro...
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