2014/02/24

Netflix cede e vai pagar pelo tráfego à Comcast


Tocam novamente os alarmes da livre circulação de dados na Internet - a tão falada (e indispensável) neutralidade da internet - com o anúncio de que o Netflix aceitou pagar à Comcast para poder chegar em condições aos seus clientes.


Muitos de vocês já poderão ter passado pela seguinte situação: mesmo com uma ligação de 100Mbits, ao tentarem ver um vídeo no YouTube ou outro site, depararem-se com constantes pausas e atrasos. Os clientes do Netflix na Comcast (e Verizon) têm sentido exactamente o mesmo, e isso deve-se à saturação da rede devido ao excesso tráfego.

Quando isto acontece existem várias formas de lidar com o problema. Uma das opções passa por obter uma ligação dedicada entre o cliente com este volume de dados e o ISPs, de forma a facilitar o acesso aos conteúdos sem congestionar a ligação normal. Outra é a colocação de servidores dedicados dentro dos ISPs que servem de cache desses conteúdos - algo que o Netflix já disponibiliza com o seu programa "Open Connect", mas que no entanto não evita que continuem a ser transferidos bastantes dados (mas ajudando a minimizar o efeito).

No caso deste acordo do Netflix com a Comcast, o Netflix irá passar a pagar pelo tráfego transferido, coisa que muitos encaram como sendo um ataque à neutralidade da internet, mas que outros analisam de forma bem mais fria (e talvez realista). A verdade é que o Netflix já paga pelo tráfego utilizado a serviços de distribuição de dados... e são esses serviços que atingiram a "capacidade máxima" que os ISPs consideram admissível. Por isso, este negócio acaba por ser mais parecido com o "cortar" do intermediário e fazer com que o Netflix pague directamente ao ISP final pelas comunicações que lá faz chegar.

A questão que se poderia colocar é quem estaria numa posição dominante: se a Comcast, ao fazer esta "chantagem" para que o Netflix pagasse; se o Netflix, esperando que os seus clientes reclamassem com o ISP por não lhes fornecer um serviço adequado. Mas isso é algo que agora fica respondido... O Netflix não se quis aventurar por esses caminhos (que seriam complicados, pois a maioria dos utilizadores não sabe, nem quer saber, como a infraestrutura da internet funciona - quer apenas carregar no botão e ver os filmes e séries que bem lhe apetece, e sem "engasganços") - mas com esta decisão irá certamente ter que lidar com muitos outros ISPs que também irão exigir pagamento pelo tráfego do Netflix que satura as suas redes.

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