2015/07/09

A era dos adblockers nos smartphones está a chegar


Os adblockers muito têm sido alvo de discussão, havendo até aqueles que desejariam torná-los ilegais, mas parece-me que será com a transição para os equipamentos mobile que a verdadeira "guerra" irá começar.

Dean Murphy é um developer que decidiu brincar um pouco com o novo sistema que facilita a criação de adblockers para o Safari no iOS 9 OS X El Capitan - e como alvo definiu um dos seus sites favoritos, mas cuja versão mobile deixa bastante a desejar.

O site iMore é bastante conhecido por todos os fãs dos produtos Apple (e também por todos os que os detestam), mas quem o tenta visitar no seu iPhone é confrontado com um site que aparece repleto de publicidade e popups, com botões ultra-reduzidos que dificultam fechar os elementos indesejados, e ainda por cima com publicidade que vai acompanhando o scroll da página. Pior ainda, não é incomum que uma qualquer página do site represente transferências na ordem dos 14MB, e que as muitas dezenas de scripts de tracking continuem a efectuar comunicações mais de 1 minuto após a página ter sido carregada.

Com a criação do seu adblocker de teste (afinado apenas para o site iMore), os resultados depressa revelaram algo bem diferente: o tempo de carregamento do site passou de 11 segundos para apenas 2 segundos; deixou de haver comunicações "extra" após o carregamento da página; e, acima de tudo, a página ficou finalmente com conteúdos visíveis e acessíveis sem grande esforço.



Nos desktops, os adblockers são uma ferramenta que continua a ser utilizada apenas por utilizadores mais avançados ou que se preocupam com estas questões da privacidade ou eficiência. Mas para a maior parte das pessoas, os seus computadores com gigabytes de RAM e ligações de banda larga fazem com que abrir uma página com centenas de scripts e dezenas de MB sejam um incómodo "menor". Mas, nos equipamentos mobile o panorama é diferente... mesmo considerando a proliferação da rede 4G (que muitas vezes nos dá velocidades superiores às que temos em casa) e os smartphones cada vez mais potentes, torna-se mais visível o efeito (e benefício) que a utilização de um adblocker pode proporcionar. E o facto do próximo iOS 9 o permitir fazer irá servir para divulgar isso de forma bastante abrangente.


Claro que depois há a velha questão: se os sites são suportados à custa de publicidade, bloquear essa mesma publicidade complica a subsistência do site; mas... penso que isso é algo que terá obrigatoriamente que acabar num ponto de equilíbrio. Um site que não abuse da publicidade não se tornará intrusivo ao ponto de fazer com que os seus visitantes sintam a necessidade de a bloquear. Mas isso acabará por ser algo que cada um terá que decidir por si... e nunca haverá nenhuma fórmula mágica capaz de se sobrepor ao que cada um quiser fazer (embora, sem dúvida que vá haver quem o tente fazer, como os sites que usam scripts de detecção de adblockers para tentar obrigar os utilizadores a desactivá-los.)

Embora possa parecer um pouco idealista, prefiro acreditar que se aplica uma relação de respeito mútuo. Se um site respeitar os seus visitantes e leitores, não lhes impingindo publicidade ou tratando-os apenas como potenciais clicadores de anúncios; esse respeito acabará por resultar em respeito no sentido inverso.

3 comentários:

  1. Há sites que bloqueiam se estivermos a usar um ad blocker.

    Por exemplo, o zerozero.pt não deixa entrar enquanto não se desligar o uBlock. Até tem uma página a explicar o motivo.

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  2. Penso que o título não é o mais adequado. Já vários anos que uso smartphone e sempre com um adblocker (adaway). É a principal razão para o Root, remover bloatware e bloquear publicidade. Não me chateia quando há bom-senso e não é intrusiva, porém nem todos os sites/apps são assim. Penso que tal como as tvs/rádio têm limites à publicidade, assim deveriam ser os sites/apps.

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    1. Pois, mas como referes... fazer root. É algo que actualmente ainda não é de fácil acesso para utilizadores comuns.

      A grande incógnita será ver qual será a resposta do Google e do seu Chrome a esta "facilidade" dada pela Apple no Safari para iOS. (Penso que será inevitável seguirem em sentido idêntico.)

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