2018/05/15

Operadores norte-americanos vendem localização em tempo real de todos os clientes


O caso da Cambridge Analytica no Facebook e do GDPR na Europa têm chamado a atenção para a privacidade dos utilizadores, e agora temos um novo caso que confirma as suspeitas de muitos: que os próprios operadores de telecomunicações também usam os dados sobre os seus clientes para facturarem ainda mais à custa deles.

Por diversas vezes no passado, quando surgia algum caso que relembrava que algumas apps e serviços têm acesso à localização do utilizadores, se recordava que mesmo que o utilizador não permitisse o uso do GPS, a sua localização aproximada era algo que estava sempre disponível para os operadores de telecomunicações - esperando-se, no entanto, que o facto de se ser cliente deles implicasse um pouco de respeito da sua parte (afinal, estamos a pagar pelo serviço). Infelizmente, confirmam-se os piores temores nos EUA, sendo que a localização de qualquer número de telefone é algo que está à distância de uma pesquisa na net.

O LocationSmart é um serviço que está vocacionado para localizar criminosos ou ex-condenados, e que de forma pouco clara parece ter acesso em tempo real aos dados de localização dos maiores operadores nos EUA (AT&T, Verizon, T-Mobile, Sprint). O problema é que o serviço tanto funciona para os "condenados" como para qualquer outro número de telemóvel de qualquer outra pessoa, e já há registo de casos em que o serviço foi utilizado para localizar pessoas para as quais não havia qualquer justificação para serem pesquisadas.

O serviço argumenta que os utilizadores tiveram que dar o seu consentimento, e que os pedidos só podem ser feitos se forem legais; mas na prática, o requisito legal limita-se a dizer que "sim, é um pedido legal" sem qualquer validação adicional; e também já foi comprovado que muitos utilizadores que nunca deram qualquer consentimento para que a sua localização fosse acedida ou partilhada, também têm a sua localização no sistema à distância de uma pesquisa.

Parece que não se deverá levar muito a sério a confiança depositada nos operadores... e se não podemos confiar neles para manter a nossa localização privada... será que poderemos confiar neles para que tomem conta das nossas comunicações? A utilização de uma VPN (nossa) vai sendo cada vez mais uma obrigatoriedade...

4 comentários:

  1. Entendo a referência à VPN, mas convém esclarecer que não ajuda em nada neste caso, visto que a localização mais básica nas redes móveis é feita através da triangulação do sinal medido pelo móvel relativamente às BTS circundantes.

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    1. O contexto era dos dados: "se não podemos confiar neles para manter a nossa localização privada... será que poderemos confiar neles para que tomem conta das nossas comunicações?"

      Quanto à localização, como dizes, nada há a fazer.

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  2. Nem sei o que dizer, ainda falam dos Chineses, enfim eu estou neste momento a construir um NAS aonde irei configurar uma VPN minha, o que pago actualmente pela Nordik dá para fazer este investimento a médio prazo, quanto a localização móvel parece não haver soluções, enfim andamos a blindar-nos para termos aquilo que a nossa constituição nos deveria garantir e proteger.

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