2018/06/25

Casas inteligentes podem tornar-se um pesadelo nas relações abusivas


Assume-se que uma casa inteligente se deva aproximar da ideia de "casa de sonho" que cada pessoa tenha; mas no caso das relações abusivas, esse sonho pode rapidamente tornar-se num pesadelo bastante complicado.

As relações humanas raramente são simples, e se noutros tempos o fim de uma relação poderia ser marcado com a entrega da chave da porta, hoje em dia isso está longe de ser o suficiente; e a tecnologia que nos deveria facilitar a vida... facilita também a vida a quem desejar manter uma presença incómoda para perturbar o ex-companheiro ou ex-companheira.

O cenário, que poderia pertencer a um filme de ficção vai, infelizmente, sendo uma realidade cada vez mais frequente. Vão aumentando os relatos de pessoas que vão sofrendo na pele os abusos potenciados pelos dispositivos inteligentes, que vão desde a simples espionagem para quem mantiver o acesso às câmaras que tinha instaladas em casa, a coisas que podem interferir ainda mais activamente com a vida doméstica: mudar diariamente os códigos de uma fechadura inteligente; acender ou apagar luzes; mudar o ajuste da climatização para ficar ainda mais quente no Verão ou frio no Inverno; tocar música no volume máximo durante a madrugada (ou fazer tocar o alarme); enfim... o potencial para abuso é virtualmente ilimitado - e neste caso não estamos a lidar com o panorama já suficientemente perturbador de ter sido um hacker a "entrar" em nossa casa, mas sim de alguém que já tinha acesso a tudo isso, e que agora está a abusar desse poder para atormentar outra pessoa.

É infelizmente um caso que não poderá ser descurado, e que inevitavelmente vai obrigar a que se tenha (ainda) mais cuidado com as coisas que se instalam em casa - pelo menos no que diz respeito a saber como se pode cortar o acesso em caso de utilização indesejada por parte de alguém que se deseja manter à máxima distância possível.

2 comentários:

  1. Sim de facto , mas 1 factor de pressão psicológica, mas penso que na actual lei estes abusos podem ser enquadrados como tal, e se a vítima souber ou até mostrar interesse em resolver este problema , pode simplesmente desconectar tudo ou se souber reconfigurar , não é algo incontrolável.

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  2. Muita coisa teria de mudar, para começar todos os aparelhos deveriam passar a estar ligados a um servidor interno que possa ser totalmente desligado do exterior, e até facilmente trocável por outro caso não se tenha confiança na sua segurança.
    Mas se os equipamentos não tiverem 100% ligados por cabo ao servidor local poderão continuar a existir abusos.

    Por tanto, para começar, todos os aparelhos deveriam respeitar alguma especificação que os permitisse somente ligar a um servidor local, dentro da habitação, e que permitisse total controlo dentro desse servidor ao que cada aparelho poderá ou não fazer, deveria permitir exportar as definições para análise e posterior importação após verificação de que nada de errado existia.
    Os aparelhos deveriam poder ser configurados de forma totalmente segura e permanecer seguros mesmo que a outra pessoa tenha tido acesso físico aos mesmos (desde que não tivesse modificado fisicamente as características)... ou seja deve ser possível configurar de tal forma que mesmo alguém que tenha conhecimento dos códigos que protegem os aparelhos na configuração inicial mesmo assim não consigam impedir a sua mudança nem descobrirem qual o novo código por assim dizer.
    Tudo deve ser feito por cabo, mas se recorrerem a sem fios tal deve permitir uma configuração totalmente à prova de interferências/ intercepção.

    Resumo: na maior parte dos casos não se afigura fácil, por vezes nem será possível.

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