2018/07/19

Análise ao Nokia 1

A HMD tem mantido os novos Nokia bem próximos do Android sem modificações, e agora também adere ao Android Go para tirar o máximo rendimento do seu Nokia 1.


O Android Go Edition é uma das mais recentes iniciativas da Google, no sentido de levar o Android até aos smartphones com especificações mais modestas. A HMD foi uma das marcas que decidiu apostar no lançamento de um smartphone a correr este Android optimizado, aplicando-o ao seu modelo de entrada de gama: o Nokia 1.

O Nokia 1



Em termos de design, este Nokia 1 apresenta uma particularidade curiosa pois tem uma capa traseira amovível, algo que hoje em dia já não é habitual encontrar num smartphone. A HMD, à data de lançamento, disponibiliza este smartphone em duas cores, vermelho e azul, mas o utilizador pode adquirir uma capa Xpress-on, para mudar o aspecto do equipamento. De salientar que a capa é bastante fácil de retirar e repor, algo que de resto se exige a um produto com esta característica.



Como temos a capa removível, a instalação dos cartões SIM e MicroSD é feita directamente no equipamento e não através de um adaptador. O layout escolhido pela HMD permite a utilização em simultâneo dos dois cartões SIM e o do cartão MicroSD, sendo esta uma grande vantagem para este smartphone - pois com um armazenamento tão limitado, a utilização do cartão SD torna-se quase que obrigatória.


Na frente do smartphone, encontramos a câmara frontal e uma coluna de som para as chamadas e, na zona inferior, um microfone. Na lateral direita, os botões de power e volume de som e na zona inferior, uma porta micro USB.


Na traseira, temos a câmara e o respectivo flash, em baixo, uma coluna de som. Mede 133.6 x 67.78 x 9.5mm e pesa apenas 131g, pelo que com estas dimensões e peso, mais parece que temos um brinquedo na mão.

Em termos de hardware não há lugar a surpresas, pois trata-se de um modelo ultra económico. Tem um processador MediaTek MT6737M quad-core a 1.1 GHz, 1GB de RAM LPPDDR 3, 8GB eMMC para armazenamento, ecrã IPS de 4.5" com resolução FWVGA, câmara traseira com 5MP e frontal com 2MP e uma bateria com 2150mAh. De referir que dos 8GB de armazenamento, o sistema ocupa grande parte do mesmo.

Olhando para estas especificações, poderíamos dizer que estávamos na presença de um "primo" do Galaxy S, smartphone lançado em 2010, com Android 2.1 (Eclair). É precisamente no software que está a grande diferença, com este Nokia 1 a apresentar-se com Android Oreo Go Edition.



Logo aquando das configurações iniciais, fomos brindado com actualizações do Android, algo que é um dos pontos fortes deste smartphone. A HMD continua a mostrar-se empenhada em manter os seus smartphones actualizados, sendo que à altura de publicação deste artigo, o Nokia 1 apresenta-se a correr Android 8.1, com o mais recente patch de segurança, datado de 5 de Junho.

Go, Go, Go, apps "Lite" para um Android mais rápido





Este Nokia 1 tem apenas 1GB de RAM, razão pela qual a HMD optou pelo Android 8 Oreo Go Edition, uma variante "lite" (mas completa) do Android O. Esta versão do Android foi optimizada para correr em equipamentos como este Nokia 1, onde o hardware está longe de disponibilizar um elevado desempenho, sendo o factor "baixo preço" a característica mais importante.


Para ocupar menos espaço e manter o nível de desempenho, a Google disponibiliza as Go Apps. Neste Nokia 1 podemos encontrar o GMail Go, Files Go, Google Go, Maps Go, com o Assistant Go a estar disponível para instalação no Google Play, local onde também vão encontrar em primeiro plano, outras Go Apps e a versão Lite de outras aplicações mais populares.

Isto não quer contudo dizer que não possam instalar a versão normal das apps, bem pelo contrario. Apenas é recomendada a versão Go para manter o desempenho do equipamento dentro dos níveis aceitáveis.


Outra curiosidade está no YouTube Go, aplicação que até já está disponível no nosso país. A HMD optou por disponibilizar a versão completa do YouTube, que ocupa 62MB, contra os 27MB da versão Go. Tendo em conta que estamos a falar de um equipamento onde a poupança é palavra de ordem, não deixa de ser uma opção estranha.

Quem assim pretender, poderá descarregar a versão Go do APKMirror, podendo assim passar a contar com as funcionalidades que o YouTube Go disponibiliza, nomeadamente a possibilidade de escolher o bitrate do vídeo e em alguns casos o seu donwload. Devem no entanto ter em conta que não vão poder desinstalar a versão completa do YouTube, que vem de origem, podendo apenas congelar a mesma, o que não vai libertar a totalidade do espaço que a App ocupa, apenas o das suas actualizações.

Outra aplicação que merece a atenção de quem tenha este Nokia 1, é o Google Photos. Aos 80MB da aplicação terão que lhe juntar os dados do utilizador e a cache, o que facilmente vai triplicar este valor. Quando estiverem com falta de espaço, já sabem onde podem recuperar alguns MB.


Para nos facilitar a vida, o Files Go vai analisar o armazenamento e, sempre que se justifique, irá propor ao utilizador libertar o espaço ocupado. Mais uma vez, se é pouco, tem de ser muito bem gerido.

O sistema tinha um comportamento muito agressivo na gestão das aplicações que estão a correr. Fechava tudo o que ficasse em segundo plano, algo que actualmente já não está a acontecer. Anteriormente, se acedêssemos a uma página web no browser e depois abríssemos outra app, ao regressar ao browser a página tinha de ser recarregada. Agora, esta situação só acontece após alguns minutos, o que se torna bem mais simpático em termos de utilização.

Esta alteração não teve impacto negativo no desempenho do Nokia 1, que continua a estar à altura daquilo que se pode exigir a um equipamento com o hardware que o mesmo apresenta e o preço a que está no mercado. Há no entanto uma excepção, pois o teclado (GBoard) sai sempre de memória, obrigando ao seu recarregamento de forma frequente, praticamente de todas as vezes que necessitamos de escrever. É o preço a pagar para termos um desempenho sem grandes paragens - embora a Google também pudesse equacionar a criação de um Gboard Go para este efeito.




Não sendo o desempenho o factor de destaque deste Nokia 1, os benchmarks são por isso apenas uma curiosidade. Curiosamente, o AnTuTu não se deu bem com o Nokia 1, pelo que não se apresentam os resultados dos testes com esta app. Também o A1 SD Bench não quis colaborar, mas neste caso penso que o problema se deve a uma actualização, pois a app apresentava o mesmo problema noutros smartphones em que a testei.


A câmara


A par da coluna de som e a detecção do toque no ecrã, a câmara é um dos pontos menos positivos deste Nokia 1. Apesar de apresentar uma interface bem recheada de opções, as câmaras traseiras e frontal estão longe de aprovar. Os resultados têm falta de detalhe e bastante ruído, mas tendo em conta que estamos na presença de sensores de 5MP e 2MP, não se podem pedir milagres.

Se em locais com pouca iluminação é proibido utilizar o Nokia 1, com boa luz, poderão tentar a vossa sorte, sabendo de antemão que os resultados não serão excepcionais.


Apreciação final



A Google lançou o desafio e a HMD não quis perder este comboio, lançando este Nokia 1 com Android Go para competir no segmento de gama de entrada. Segmento onde por norma temos equipamentos lentos, cheios de aplicações sem utilidade e com a garantia que as actualizações não passam de uma miragem.

Este Nokia 1 acaba por ser a antítese deste cenário. Não que o smartphone seja rápido, longe disso. É sim capaz de disponibilizar uma experiência de utilização razoável tendo em conta a classe de equipamento onde se insere. É um smartphone onde o utilizador pode fazer uma coisa de cada vez e a ter de ter alguma paciência ao passar de uma app para outra. O software é o ponto forte deste Nokia 1, que tem no extremo oposto a câmara, qualidade de som e a detecção do toque no ecrã, que nem sempre detecta o movimento que o utilizador efectua.

Quando foi apresentado este ano em Barcelona, o Nokia 1 foi apontado para um preço médio global de retalho de 69€. Em Abril recebemos um comunicado oficial da marca, onde o preço deste Nokia 1 passou para uns puxados 109,99€, um valor muito superior ao inicialmente avançado pela HMD.

Nesta altura já é possível encontrar o Nokia 1 na casa dos 90€ mais portes, um valor mais simpático mas ainda assim bem acima dos 69€ que seriam o preço mais adequado para um equipamento com estas características. Por esta razão, o Nokia 1 fica-se apenas por um modesto "Morno".



Nokia 1
Morno



Pros
  • Android Go
  • Actualizações a tempo e horas
  • Sem bloatware

Contras
  • Câmara
  • Som
  • Detecção de toque no ecrã
  • Preço



Nokia 1

Morno (3/5)

2 comentários:

  1. ...Primo do galaxy s??? tenho um parado, bom bom era poder instalar essa ROM nele

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  2. Para iniciantes no android está bom...mas os 69.90 euros era o ideal.

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