Quando se compra um portátil Xiaomi que vem com um Windows 10 em chinês, a primeira coisa a fazer é tratar de o converter para um Windows 10 em inglês, ou português se preferirem. O processo não é complicado mas, como sempre, convém estar atento a alguns pormenores para não se desperdiçar tempo desnecessariamente... como me aconteceu.
Desde que a Google me fez o "favor" de tornar o meu Chromebook Pixel obsoleto que tenho estado à procura de um portátil para servir como máquina principal. Entre requisitos de CPU, GPU, memória, capacidade de armazenamento e outras (como o preço!) não estava fácil encontrar um candidato viável, mas finalmente as coisas lá foram ficando favoráveis para a versão actualizada do Xiaomi Gaming Laptop.
O Xiaomi Gaming Laptop
Neste modelo em concreto, para além do ecrã de 15.6" Full HD (mate), temos um CPU Intel Core i7-8750H, 16GB de RAM, SSD M.2 de 256GB + HDD de 1TB, e Nvidia GeForce GTX1060 com 6GB. A melhor parte é que RAM e armazenamento são completamente actualizáveis, e até temos a possibilidade de utilizar dois SSDs M.2, se quisermos dispensar o disco SATA tradicional.
A primeira fase foi de pesquisa, passando vários dias (enquanto o portátil vinha a caminho) a procurar guias sobre como o abrir, como trocar discos e memória, como passar do Windows chinês para um inglês, etc. etc. Tudo feito até à exaustão, procurando precaver contra todas as eventualidades, até me sentir minimamente confortável a fazer as operações pretendidas. E finalmente, lá chegou o dia.
[luzes laterais como convém a um portátil de gaming - mas que podem ser configuradas ou desligadas]
Como não poderia deixar de ser, a primeira coisa a fazer é ligar-se o portátil, tal como veio, para confirmar que está a funcionar correctamente. E no processo, aproveitar para fazer algo que será necessário mais tarde: guardar a chave de activação que vem com o seu Windows 10 chinês. Isso pode ser feito via linha de comandos, mas o mais fácil será recorrer a um utilitário como o ProduKey.
Toda a "complicação" de reinstalar um novo Windows 10 torna-se necessária (em vez de simplesmente adicionar um pack de língua inglesa ao Windows) porque o Windows 10 que vem nestes portáteis só suporta uma língua. Mas, muitos utilizadores também se poderão sentir mais confortáveis ao reinstalar completamente o computador com um Windows 10 de origem oficial.
Trocar os discos no Xiaomi Gaming Laptop
Mas antes disso, vamos passar aos discos finais... e não fiz por menos. Nada como um SSD Samsung 970 Pro M.2 de 512GB para o sistema, e um SSD Crucial MX500 de 2TB para o resto - ambos comprados nas promoções Black Friday a preço bastante mais convidativo, como fomos partilhando no nosso grupo de promoções.
A ideia era utilizar estes dois SSDs, como discos principais, reaproveitar o M.2 de 256GB que vem com ele para espaço extra, e meter o HDD de 1TB numa caixa USB externa para backups.
Convém também dar um salto à BIOS (F2 durante o arranque) para verificar o hardware detectado e colocar aquilo em inglês, perto do campo superior direito.
E depois... finalmente passar à parte de desapertar parafusos - felizmente todos eles convencionais.
[ter atenção que um dos parafusos está escondido por trás de um suporte plástico]
Depois de retirar os parafusos, usem uma patilha de plástico para soltarem a tampa traseira do corpo do portátil. No meu caso, a parte central da tampa estava bem "encaixada", e foi preciso alguma paciência e persistência até que se soltasse.
Os módulos de memória (2x 8GB) estão protegidos por uma protecção - ainda não é desta que levam um upgrade para 2x 16GB, mas lá chegará o seu tempo, quando apanhar uma promoção decente nas SODIMM.
Aantes de mexer seja no que for, tomar a precaução de desligar a ficha da bateria - e, de preferência, não esquecer de voltar a ligar antes de fechar o portátil (como me aconteceu!)
O acesso ao SSD M.2 e disco SATA é feito sem qualquer problema, trocando-se em pouco instantes. Mas o que veio a seguir demonstrou que, por muito que se leia, não se está livre de fazer "cagada".
Pelos tutoriais que tinha lido, alguns deles referiam que ao se colocar um disco SATA não se podia utilizar um segundo SSD M.2. Da forma que isso era dito, assumi que se devia a uma questão de incompatibilidade física, pois a ficha do disco SATA impede que o segundo SSD M.2 fique perfeitamente plano.
Ora... não era o tipo de coisa que iria impedir um português habilidoso, que já estava a imaginar usar o M.2 que vinha de origem como disco secundário para "coisas".
E a verdade é que, mesmo um pouco dobrado, a coisa lá ficou instalada, como eu tinha planeado desde o início.
Um salto à BIOS demonstrava que tudo estava a ser reconhecido como devia: dois SSDs M.2 e um SSD SATA. Que mais se poderia pedir?
... Não me perguntem porquê, mas estava ali uma pequena mensagem que continuava a me passar completamente despercebida, e que dizia de forma bem clara: NÃO SE PODE INSTALAR UM SEGUNDO SSD M.2 A PAR DE UM DISCO SATA! Algo que me viria a criar alguns embaraços mais tarde...
A instalação do Windows 10
A Microsoft disponibiliza uma ferramenta para fazer o download e criar uma pen USB de instalação do Windows 10, e foi precisamente isso que fiz. Refira-se que, até à data, tenho continuado a manter o Windows 7 como sistema no meu computador principal, depois do processo de actualização para o Windows 10 ter revelado algumas incompatibilidades para as quais não tinha tempo / paciência para tentar resolver (até pode ser que agora já estivesse tudo resolvido). Por isso, não estava por dentro de algumas das esquisitices do Windows 10 que tive que enfrentar.
Para começar, a pen USB criada pela ferramenta da Microsoft, não era reconhecida pelo portátil como sendo de "arranque". Tendo lido nalguns fórums que por vezes só aparecia nalgumas portas USB específicas, lá fui percorrendo as várias portas USB do portátil, até descobrir uma que funcionava. Esta:
Assim, já aparecia a opção de dar prioridade ao arranque pela pen USB na BIOS, e estava o assunto resolvido... pensava eu.
Convém realçar um ponto positivo: o processo de instalação do Windows 10, pelo menos nesta máquina e com estes SSDs, é extremamente rápido. Em poucos minutos já estava a arranjar o novo Windows e a começar a afinar o sistema à minha medida - começando pelo WPD.
Foi então que tive a feliz ideia de instalar o software de suporte dos SSDs, tanto da Crucial como da Samsung, para garantir que os SSDs estavam actualizados. O tipo de coisa que me deixou com algumas dúvidas mas que, a fazer, mais valia fazer de início, antes de ter demasiadas coisas instaladas caso algo corresse mal.
... Já devia saber que o meu "sentido de aranha" me estava a alertar para algo...
Embora os SSDs Samsung estivessem actualizados, o da Crucial dizia que tinha uma actualização disponível. Ao efectuá-la, demorou... e demorou... e demorou... E quando finalmente ficou feita, o disco desapareceu! Faço um reboot, faço novo reboot... e nada. Ora que bonito, um SSD de 2TB a ter ido ao ar por ter actualizado o firmware!
Enquanto já estava a pensar no processo de devolução para a Amazon e o tempo que iria demorar, lá volto a abrir o portátil para repor o HDD de origem; e depois de toda a trabalheira, descubro que o novo disco já aparece, mas que entretanto desapareceu o segundo disco M.2. Mau! Foi aqui, que num novo salto à BIOS para ver o que estava a ser detectado, reparo na fatídica mensagem que diz que não se pode ter o disco SATA e o segundo M.2 ligados em simultâneo. Ooops!
Volto a virar o portátil, volto a meter o SSD de 2TB, retiro o segundo SSD M.2 e problema resolvido, certo? Pois... não!
Descobri que a minha nova instalação do Windows 10 tinha afinal sido feita em modo "Legacy"; um modo que não é nada recomendado para novas instalações nem para novos computadores. Neste modo, temos um Windows 10 instalado de forma idêntica aos Windows anteriores, numa única partição. O que é desejável é ter o Windows 10 instalado em modo UEFI, que cria partições adicionais para o restauro do sistema e é como a MS garante o suporte para as actualizações futuras.
[É assim que o Windows 10 deveria ser instalado - em modo UEFI]
Novo salto ao Google, e lá segui as recomendações dadas, de não utilizar a ferramenta de criação da pen USB da Microsoft, mas sim o utilitário Rufus para garantir a criação de uma pen USB que arrancasse em modo UEFI - isto enquanto ia reclamando para mim mesmo, o quão absurdo é que a ferramenta oficial da MS não fizesse isso!
Mas pronto, lá fiquei com uma pen USB que já arrancava de qualquer porta USB, e que permitiu reinstalar o Windows 10, desta vez criando as devidas partições UEFI, e deixando-me com vontade de fazer uma enorme festa pelo objectivo concretizado!
Notas adicionais
Para quem tiver um Xiaomi Gaming Laptop, embora estejam disponíveis packs de drivers para o mesmo, posso dar a boa notícia de que não são precisos. O Windows 10 reconhece todo o hardware sem necessidade de instalar drivers manualmente. A única coisa que será aconselhada é instalar o driver Nvidia oficial, para não ficar dependente do do Windows 10.
Nesta fase, poderão também proceder à activação do Windows. A mesma poderá já ter sido feita automaticamente, caso contrário, utilizem a chave que guardaram do Windows 10 em chinês. No meu caso, como fiz upgrade para o Windows 10 Pro, utilizei uma chave nova.
Por fim, a última coisa que falta para dar o trabalho por concluído é o software de gestão das teclas de macro e iluminação do portátil. Isso é feito com o software Xiaomi Mi Gaming Box (usando o auto-translate do Chrome, é o "millet game box"). Supostamente, embora este programa já devesse ficar em inglês, há boas probabilidades de - como me aconteceu - permanecer em chinês. Para o resolver terão que ir à pasta do programa:
- C:\Program Files (x86)\Timi Personal Computing\GamingBox\1.2.3.1\datafiles\local
O programa permite personalizar os padrões de cor do teclado e das laterais do portátil, com iluminação estática ou com animações.
E também definir o que se quer fazer com as cinco teclas programáveis no teclado. Podendo adoptar um shortcut de teclas, o lançamento de um programa, ou a execução de macros gravadas.
Um último aparte quanto ao "desconforto" de saltar do Windows 7 para o Windows 10. Embora seja mais que natural que se tenha que passar por um período de habituação, há coisas completamente absurdas e ilógicas no Windows 10. Por exemplo, tentar adicionar o padrão de teclado português, como tenho o sistema em inglês, inicialmente só me aparecem como opções variantes de teclados em inglês. Só depois de ir "por outro lado", através das definições dos padrões da hora e unidades, é que finalmente lá me deixou adicionar um teclado em português - e que afinal já passa a surgir na opção onde anteriormente não estava disponível!
Uma estranha sensação de conforto surgiu após a instalação do Chrome, e onde após fazer o login na conta Google, imediatamente se fica com o "nosso" Chrome de sempre, com todas as extensões, favoritos, passwords gravadas, etc. Algo que me fez recordar as vantagens do Chrome OS a este nível. Mas, a opção pelo Windows 10 é para ter acesso aos programas que não se tem no Chrome OS, como os de edição de fotos e vídeo, máquinas virtuais, ferramentas de desenvolvimento, etc. E quanto a isso nada se pode fazer.
De resto, após alguns dias de utilização, o Gaming Laptop está a comportar-se tal como era esperado, com a vantagem de ser mais silencioso do que eu esperava (embora também ajude estarmos com dias de baixa temperatura. :) Agora é só esperar que se mantenha funcional e sem avarias, durante muitos e longos anos.
Carlos, o processo durou muito por culpa própria: já há muito tempo que não precisa fazer backup da chefe do Windows, ela está armazenada na UEFI e na instalação da mesma versão ela é validada; se ler o manual, tem que ter (ou ler o que diz a UEFI) que não pode instalar SATA e M2 porque as vias são partilhadas; a nível de instalar o W10 com bufus para instalar via UEFI já é assim há anos... bom tutorial!
ResponderEliminarSim, eu refiro isso: ".. activação do Windows. A mesma poderá já ter sido feita automaticamente...". O guardar da chave é mesmo só por precaução.
EliminarDe resto sim, estava lá o aviso... mas é para mostrar que nem sempre se vê aquilo que está à frente dos olhos. 8-)
Até pq os software q mostram as keys, se for licenças digitais, so mostram uma key generica, q é igual em todos os pcs q têm licenças digitais. So aparece mesmo a nossa key, so no caso de termos mesmo uma key fisica, tipo se tiveremos comprado a box do win10.
EliminarSanta paciência...
ResponderEliminarTeclado? Vinha em chinês refiro o teclado físico 👋
ResponderEliminarNão, é layout US.
EliminarPode escrever-se simplesmente "por cima" com layout PT (quem tiver dificuldade nas teclas acentuadas e símbolos, pode usar autocolantes nas teclas - dispensáveis para quem já nem olha para o teclado ao escrever :)
Mas afinal ficou a funcionar com o M2 e Sata? Ou tiveste que retirar o sata?
ResponderEliminarFicou só com um M.2 e um SATA, não usei o M.2 original que pensava que poderia manter em funcionamento (preferi manter 2TB SATA do que 256GB M.2 :).
EliminarInteressante, gosto das tuas cadeiras. Moviflor?
ResponderEliminarNão, foram de um fabricante tradicional, daqueles que ainda se lembram como se fazem coisas em madeira maciça. :)
EliminarComo está a ser a experiência com o Gaming Laptop? Enche as medidas ou fica um bocado aquém? Aconselharias para edição de vídeo?
ResponderEliminarÉ precisamente para o que o estou a utilizar. :)
EliminarSim, mas entretanto também já o passei para 32GB de RAM, pelo que a par do upgrade dos SSDs, fica muito mais "folgado".
De onde mandaste vir o portátil?
ResponderEliminarDa Gearbest - mas não ao preço a que está agora. :)
EliminarNa altura ficou por 1120€+/-.
Já tiveste alguma experiência com a tradingshenzhen.com?
EliminarNão.
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