2019/05/07
A conspiração no YouTube que ajudou a matar o IE6
A morte do Internet Explorer 6 é hoje um facto bem conhecido, mas há uma curiosa história que revela uma "conspiração" do YouTube para que isso acontecesse.
Hoje em dia parece quase inacreditável que em tempos a internet era dominada por sites que exibiam orgulhosamente um distintivo "Made for IE", e que por conta disso muitos deles não funcionavam devidamente noutros browsers. Mas, acima de tudo, alguns anos mais para a frente, era uma verdadeira dor de cabeça manter a compatibilidade com todas as "esquisitices" do IE6, e é aí que a história se inicia.
Há uma década atrás, os programadores que trabalhavam no YouTube (que tinha sido comprado poucos anos antes pela Google), estavam cada vez mais fartos do trabalho que tinham para manter a compatibilidade com o IE6, que ainda representava 18% dos visitantes. Por isso, puseram em marcha um ousado plano secreto para tentarem acelerar a sua morte.
Poderia pensar-se em algo maquiavélico, como abrandar o carregamento dos vídeos no IE6 de modo a fazer desesperar os utilizadores, mas a verdade é que foi algo bastante mais simples e ético: limitaram-se a apresentar uma mensagem a informar que o suporte para o IE6 iria terminar, recomendado que os utilizadores passassem a utilizar um browser mais moderno, como o I8, Firefox ou Chrome. O problema foi fazê-lo sem que tivessem que passar pela "cadeia de comando", e para isso recorreram a uns atalhos conhecidos pelos programadores veteranos do YouTube, que tinham uma password que permitia fazer alterações directamente no site oficial sem passar por qualquer controlo ou verificação.
E assim, lá foi feita a alteração, que prontamente lhes valeu uma visita pelo departamento de relações públicas (a notícia depressa se espalhou pela internet) e posteriormente pelos advogados - já na altura preocupados com o impacto que poderia ter a recomendação do Chrome por parte de um serviço também pertencente à Google. Só que estes web developers tinham feito a coisa correctamente, com a sugestão dos browsers a ser feita de forma aleatória, de modo a que nenhum browser em particular, nem mesmo o Chrome, tivesse direito de preferência.
A mensagem rapidamente se espalhou por muito mais sites, desejosos de dizer o adeus ao IE6, incluindo alguns da própria Google, que ao verem a mensagem surgir no YouTube a utilizaram como justificação para também a apresentar (e curiosamente, depois servindo de justificação circular, quando alguns responsáveis disseram que o YouTube estava a fazer bem ao apresentar a mensagem... por também aparecer noutros sites da Google - que a copiaram do YouTube).
Em apenas 30 dias o tráfego oriundo do IE6 caiu para metade (10%), sendo transferido para browsers mais modernos; e 3 anos mais tarde, era menos de 1%, marcando a morte oficial do IE6 - um browser que não deixará qualquer saudade entre utilizadores ou web developers.
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A princípio achei "engraçado" mas depois recordei-me que isto é uma manipulação pura manifestada pela vontade de quem não tinha autoridade para tal.
ResponderEliminar(e sim, também eu nunca gostei do IE, mas não é isso que está em causa.)
Eu até diria que esse banner veio tarde!
ResponderEliminarSó de lembrar das linhas de CSS adicionais para tentar que os sites ficassem o mais idênticos possíveis no IE6, ou as voltas que tinha de dar nos primeiros sites com carregamento de conteúdo dinâmico (ajax) para eles funcionarem sem essa funcionalidade...
Infelizmente, nessa altura as estatísticas que tinha dos visitantes dos sites que fazia, mostravam nºs muito superiores de utilizadores de IE6, que não me permitia simplesmente descarta-los.
No outro dia fui pedir um passe através do Portal Viva e tal não é o meu espanto quando me deparo com a exigência de instalar Java e usar o Internet Explorer para fazer a autenticação com o cartão de cidadão. Chegam mesmo a explicar que é porque os outros browsers não permitem a utilização do Java, só não dizem que isso é por motivos de segurança. Ou seja, em vez de actualizarem o sistema dão instruções aos utentes que podem colocar os seus equipamentos em risco. Isto quando já podia ter sido implementado a autenticação móvel ou outra alternativa. Portugal 2019...
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