O bloqueio de relações dos EUA com a Huawei está a gerar grande instabilidade no mundo tecnológico, mas a empresa chinesa tem estado a preparar-se para essa eventualidade, restando saber se irá mesmo recorrer ao seu plano alternativo: a utilização do seu próprio sistema operativo em vez do Android.
O diferendo entre a administração americana e o governo chinês há muito que se vem a arrastar no tempo. A mais recente decisão de Trump acabou por precipitar os acontecimentos, levando um importante conjunto de empresas americanas a suspender os seus negócios com as entidades que façam parte da lista negra definida pelo governo americano - que no caso da Huawei significa perder o acesso ao Android e serviços da Google (mesmo se por agora se conseguiu um adiamento temporário de 90 dias).
A Google é um dos nomes envolvidos nesta trama que tem como pano de fundo as suspeitas de espionagem sobre a empresa chinesa. Ao seguir o bloqueio imposto pelo governo, a Google fecha a porta à Huawei, ficando a marca chinesa limitada à área open-source do Android.
O facto de esta situação já se vir a arrastar há algum tempo, levou a que a Huawei se preparasse para este cenário indesejado, onde ficasse impossibilitada de utilizar o Android na sua plenitude. Foram frequentes as abordagens a este tema, mas a Huawei fez sempre questão de reafirmar a sua aposta na cooperação com a Google, algo que de resto era bem patente a cada apresentação de um novo smartphone.
O plano B sempre existiu!
A existência de um plano B faria todo o sentido em face da aposta que a Huawei tem vindo a fazer no segmento mobile. Uma marca que ocupa actualmente o segundo lugar neste mercado não poderia deixar esta questão ao acaso, sabendo-se que esse aspecto crítico poderia deitar por terra todo o investimento que tem vindo a ser efectuado.O Android foi sempre a opção número um mas, recentemente, o CEO do Consumer BG da Huawei, Richard Yum confirmou a existência de um plano B, caso a marca chinesa ficasse impedida de utilizar este sistema operativo.
Não se sabem detalhes sobre este plano B que assentaria num sistema operativo da própria Huawei, eventualmente tendo por base o Android open-source mas recaindo (ainda mais) sobre serviços da própria Huawei em vez dos da Google. Algo que não seria demasiado complicado nem moroso de fazer, e permitiria manter a importante compatibilidade com as apps no mercado. Algo idêntico ao que a Amazon fez para os seus tablets. E que teria como efeito a curto prazo o afastamento ainda maior do Android ocidental do território chinês, onde muitos dos serviços da Google já estão bloqueados de qualquer forma.
O exemplo da ZTE, ou não...
Esta alternativa poderá no entanto nunca se vir a verificar, pois é de crer que o governo chinês se prepare para mover as suas peças, respondendo à decisão do governo americano. O recente caso da ZTE (também impedida de usar o Android) é disso exemplo, com a marca a ter passado, num par de dias, de um eventual encerramento total para um plano de reestruturação.É certo que os negócios da Huawei não se limitam aos smartphones, indo muito para além dos mesmos - mais concretamente o importante equipamento da infraestrutura para as novas redes 5G - sempre precisamente esta uma das razões para todo este enredo político. Se de um lado está a questão tecnológica, no outro prato da balança entra a questão financeira, com o peso da dívida dos dois países a poder dar origem a um volte face radical.
Há por isso que aguardar os próximos movimentos neste jogo de xadrez político, sendo que toda esta incerteza em nada beneficia o Android em particular e os consumidores em geral.
Se a longo prazo será bom para a Huawei não sei mas, de certeza que não é bom para a Google e para o Android pois perdem um dos melhores clientes.
ResponderEliminarSerá o princípio do fim do Android?!
O princípio do fim não digo, mas vai certamente aparecer um sistema operativo concorrente, que seja preferencialmente open source na íntegra, claro que a dependência dos europeus às aplicações da Google é um problema que não é facilmente ultrapassado ( mapas, YouTube, gmail entre outras, talvez a mais difícil seja mesmo o Google Maps).
ResponderEliminarUma muito boa oportunidade para a Europa acordar, de uma vez por todos e deixar-se de subserviências, mas será mais uma oportunidade perdida...
EliminarA Europa tem, por exemplo, o seu próprio sistema de satélites, o que permite que, caso os USA decidam "desligar" o sinal de GPS, continuemos a utilizar a localização.
EliminarEm relação ao Google Maps, também existem alternativas open source, que tal como com outras tecnologias poderiam usufruir de algum investimento no caso de algo acontecer.
E se a Europa se aproveitar um pouco do que está a acontecer???