2019/06/07
Facebook e a fina linha da censura
A ideia de que hoje em dia se pode utilizar a internet para partilhar algo com o mundo está cada vez mais em risco, e não é preciso ir mais longe que o Facebook para o demonstrar. Bastando ousar publicar algo que o Facebook considere que desrespeita os "padrões da comunidade".
À superfície, parece que plataformas como o Facebook são um verdadeiro megafone que nos permite partilhar conteúdos que rapidamente cheguem a todos os nossos amigos e, eventualmente, se espalhem pelo mundo. Só que isso pode transformar-se rapidamente e sem qualquer motivo aparente.
Um destes dias, por puro acaso (não sou utilizador intensivo do FB, essencialmente usando-o apenas para difundir os artigos na página do AadM e divulgar as promoções do dia) fui espreitar as notificações que o Facebook me mostrava, e deparei-me com algo bastante estranho. Pelo meio de muitas coisas estava a referência a spam na página do AadM.
Fiquei intrigado obviamente. Será que alguém teria conseguido lá publicar algo indesejado? Mas, depois de alguns momentos a tentar perceber o que se passava, percebi que afinal tinha sido um artigo do AadM que ficou "pendente" por ser considerado spam - mais concretamente, o artigo sobre o fenómeno do uso do AirDrop pelo adolescentes para se divertirem com os adultos.
É uma notícia completamente normal, que não tem nada de chocante ou impróprio, mas que no entanto foi impedida de ser publicada na página oficial do Facebook do site em que foi publicada. Ainda mais com a explicação completamente absurda de que se trata de "spam"!?!
No passado, já vimos montes de histórias de artigos e fotos a serem censurados (como as famosas fotos de mães a amamentarem os seus bebés, ou que ousem mostrar os seus mamilos - e que até levaram à criação de um movimento que pedia ao Facebook para dizer como distingue entre mamilos masculinos, autorizados, e os femininos, que são proibidos), e o problema destas destas situações é que, quem for alvo deste tipo de filtragens e censura, arrisca-se a nem sequer conseguir dar a conhecer o que se passa.
Imagine-se o caso de alguém que use exclusivamente o Facebook, e que depois de ter passado anos e anos a criar a sua comunidade e rede de amigos, se vê na mira do Facebook como sendo um elemento indesejado - eventualmente até perdendo o direito a publicar coisas novas. Basta isso para que, de um instante para o outro, desapareça por completo do mundo digital; e isto é algo que não se limita ao Facebook, mas também ao YouTube, e outras plataformas.
... Mais assustador ainda, é que este tipo de coisa se tornará ainda mais comum e frequente com a entrada em vigor dos filtros dos direitos de autor. E com isso passaremos a ter uma internet daquilo que nos é permitido dizer, em vez daquilo que quisermos realmente dizer ou partilhar...
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O curioso aqui é que o Facebook diz sistematicamente de textos de ódio e postagens a caluniar pessoas com fotos das mesmas e moradas que "não ofende os padrões de comunidade"...
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