Devem os serviços de pagamentos interferir com os serviços que os podem utilizar? O Stripe está a ser criticado por não permitir pagamentos a "serviços metafísicos", englobando coisas como leituras de tarot.
Não há dúvida de que hoje em dia há algumas plataformas que dominam o mundo, e que com esse poder podem causar grandes transtornos sem se dignarem a dar qualquer explicação ou hipótese de recurso. Alguém que tenha investido anos a criar um canal no YouTube com centenas de milhares de seguidores, pode acordar um dia e descobrir que o seu canal foi eliminado, sem qualquer motivo válido. E quando se passa para os serviços de pagamentos, basta procurar por histórias de problemas relacionadas com o PayPal (ou qualquer outro serviço), para se ficar aterrorizado.
Agora temos queixas de que o Stripe também tem recusado aceitar pagamentos para serviços "metafísicos", mas a verdade é que o caso não tem nada de único. Ainda recentemente o site OnlyFans - e mais concretamente os seus criadores de conteúdos "adultos" - entraram em reboliço quando a plataforma anunciou que iria deixar de permitir esses conteúdos, pressionado pelo ser provedor de pagamentos que dizia não aceitar esse tipo de "indecências". A coisa acabou por ficar resolvida, mas relembra o risco contínuo em que se vive: num dia tudo pode estar bem, com um canal online, com fonte de receitas encaminhada - no dia seguinte pode-se ficar literalmente "apagado" da internet, ou sem possibilidade de receber dinheiro da forma mais eficiente.
Neste caso em concreto, a Stripe tem boa justificação para a recusa de aceitar pagamentos para este tipo de serviços, dizendo que são serviços que muitas vezes prometem coisas que não podem cumprir ou sem qualquer base científica, e que resultam em muitas queixas de devolução de dinheiro - um padrão que seguramente originaria tratamento idêntico em qualquer outro serviço, fosse ele qual fosse; de forma idêntica à que nos penaliza nalgumas lojas online que recusam fazer envios para Portugal por terem tido muitas encomendas extraviadas que nunca chegaram aos compradores. No final do dia, cada serviço continua a olhar para o que é melhor para si, e isso normalmente é o que dá mais lucro com o menor grau de chatices.
2021/11/02
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Ena, e não é que, obnoxiamente involuntário, simpatizo com a decisão da Stripe...?
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