O YouTube diz que vai reforçar as medidas de combate à desinformação - no processo reconhecendo a responsabilidade que tem tido na sua disseminação.
A proposta do YouTube assenta em três pontos principais: identificação de novos conteúdos de desinformação antes que se tornem virais, abordar as partilhas de desinformação, reforço dos esforços para combater a desinformação; coisas que diz que serão conseguidas com recurso às suas tecnologias de machine learning e moderação humana.
Mas a verdade é que o problema não será nada simples de resolver e é até mais vasto do que apenas o YouTube. Basta referir o caso de uma publicação médica reputada, que se viu impossibilitada de promover artigos relacionados com os efeitos do racismo porque a Google e Twitter imediatamente bloquearam esses tópicos - uma boa lembrança para o falhanço à partida de qualquer tipo de censura baseado em filtros, como alguns políticos na Europa tanto interesse têm em implementar.
Não deixa de ser triste ver que uma plataforma que dá acesso a praticamente toda a informação da humanidade, seja também usada para disseminar desinformação - que muitas vezes parece ter um magnetismo especial que a torna mais apetecível, e que acaba por enganar os sistemas de sugestão e recomendação de conteúdos, fazendo com que cheguem a ainda mais pessoas. São fenómenos curiosos, ter pessoas que provavelmente utilizam a localização GPS todos os dias, mas que no entanto acreditam que a Terra é plana (e provavelmente nem vêem o contrassenso disso), e nem sequer querendo saber que isso já era do conhecimento geral há milhares de anos.
No final tudo se vai resumir à educação, e não a uma educação que se preocupa mais em criar armadilhas às pessoas, mas sim a uma que efectivamente promova lucidez de raciocínio e o espírito científico. Infelizmente, isso não é algo que se consiga de um dia para o outro, e a aposta nas gerações futuras - até mesmo a nível de natalidade - tem deixado bastante a desejar. Como sempre, a maioria da classe governante só se preocupa com os problemas quando eles já entraram pela porta dentro, não quando começaram a surgir os primeiros alertas, anos ou décadas antes.
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