O jogo Starfield está finalmente a chegar às consolas e PCs dos jogadores, e abre um novo universo de exploração para a Bethesda.
O Starfield marca a estreia de um novo universo de jogo na Bethesda, e que tem que conquistar o seu lugar ao lado de grandes títulos como o The Elder Scrolls V: Skyrim, a saga Fallout, e até clássicos renovados como o Doom e Wolfenstein, entre outros.
O jogo adapta a habitual estrutura e forma de jogo de exploração para um ambiente de ficção científica espacial, onde temos milhares de planetas que se podem explorar, alguns deles desolados, outros com grandes cidades, numa grande variedade de cenários. Para isso, temos a nossa nave espacial (que nos é oferecida no início com uma justificação plausível), mas que poderemos expandir para uma frota de naves à medida que se vai avançando no jogo, assim como uma tripulação que vamos recrutando ao longo das missões efectuadas.
Começando pelas partes boas, o jogo não apresenta bugs significativos - o que vai sendo uma raridade hoje em dia por altura do lançamento de um jogo. Depois de se superar a questão de ser um jogo que nas consolas está limitado a 30 fps (disfarçados por um efeito de motion blur que se pode desligar), podemos apreciar a beleza do jogo, com efeitos ambientais que lhe dão um realismo e beleza capaz de nos fazer parar para apreciar as paisagens. O nível de detalhes nos fatos dos personagens, naves, e cidades, é impressionante - embora a nível dos rostos e animação facial, apesar de representar um avanço face aos anteriores jogos da Bethesda, não será capaz de competir com jogos com The Last of Us; quando muito, estará ao nível dos jogos Mass Effect.
A primeira grande supresa, especialmente para quem estiver a acompanhar a saga do interminável Star Citizen, ou jogar No Man's Sky, é que este jogo que promete um grande universo, não oferece um universo acessível de forma contínua. Ou seja, entrar num planeta ou sair de um planeta obriga a um ecrã de carregamento em vez de fazer uma transição contínua. Isso também acontece no solo quando se entram em certos edifícios, ou se entra e sai da nave. É um pouco estranho e quebra o sentimento de imersão no jogo, especialmente por se tratarem de coisas que seriam facilmente disfarçadas (o tempo da porta a abrir, ou uma animação da nave a sair / entrar no planeta) - mas é algo com o qual se tem que aprender a viver. Mesmo no solo, não temos acesso a todo o planeta, mas sim a uma área (bastante grande diga-se) em torno dos locais onde se aterra. Será talvez uma limitação do motor utilizado pela Bethesda, mas que poderia ter sido melhor disfarçado.
Tal como se pode configurar detalhadamente o aspecto do nosso personagem, também se tem liberdade quase total para modificar e criar as naves. Peca apenas por não apresentar qualquer tutorial para esta secção, o que obrigará os jogadores a descobrirem como se desenrascarem por sua conta. O mesmo acontece com a gestão do inventário, que não explica como se podem efectuar a transferência de coisas do personagem para a nave. Felizmente, apesar do jogador ser penalizado por carregar coisas em excesso (para depois as vender nas lojas), o sistema não abranda significativamente o personagem - mas impede que faça fast travel, pelo que é recomendável manter o nosso personagem "leve". Pela parte positiva, quando se está numa loja podemos vender as coisas que temos no inventário da nave, dispensando a necessidade de andar a transferi-las para o personagem e fazer várias viagens; pela negativa, a maioria das lojas só compra coisas específicas, e só muito poucas compram as "tralhas" que se acumulam com facilidade. Para piorar, cada loja tem um limite de créditos, e quando termina, deixamos de as poder utilizar (espero que as lojas recuperem o dinheiro ao longo dos dias de jogo, para não se tornarem inúteis).
Uma parte boa é que, quando se está em missões, é extremamente fácil saltar imediatamente para um destino próximo do local para onde temos que ir. É algo que tem como ponto negativo retirar a sensação de universo "gigante" que demora horas a percorrer (como no Elite Dangerous), mas que acaba por ser a opção mais acertada para permitir que os jogadores passem o seu tempo a jogar em vez de olhar para o espaço infinito. Na parte espacial do jogo, temos que lidar com a gestão de energia para escudos, motores, armas, etc. e nas secções mais avançadas, será melhor ter uma nave dedicada ao combate espacial e outra para transportar carga.
Com cerca de 20 horas de jogo, estou "sobrecarregado" com dezenas de missões secundárias resultantes da interacção com personagens que vemos nas cidades e bases espaciais, e que nos levam por aventuras imensamente variadas. Já tive que lutar contra uma infestação apocalíptica de monstros alien, já colei cartazes de propaganda, cobrei dívidas em atraso, recuperei contrabando confiscado, aderi às forças de segurança, e infiltrei-me numa perigosa associação de piratas; com muito, muito mais para fazer. Nas missões mais "principais", as história têm sido bastante interessantes e variadas; e devido ao tal sistema que facilita as viagens rápidas, nunca se tornam maçadoras nos casos em que se tem que ir a algum lado e regressar à pessoa - mesmo que estejam em sistemas solares diferentes. Em muitos casos, temos também a liberdade de escolher diferentes caminhos para completar as missões, normalmente por uma via mais pacífica ou mais violenta, e todo um sistema social que permite persuadir ou ameaçar, que vai desbloqueando opções adicionais.
Há ainda muito por explorar e que não dediquei muita atenção. Podemos modificar e evoluir as armas, fatos espaciais, comidas e poções, investigação para melhoria de características, e ainda toda uma complexa árvore de melhoramento do personagem. É literalmente uma overdose de coisas que assegurará que os jogadores têm muito por explorar.
O Starfield está disponível para PC e Xbox Series X/S, estando também disponível "gratuitamente" via Game Pass, com lançamento a 6 de Setembro (com acesso antecipado a quem comprar a versão Premium).
2023/09/03
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