A incrivelmente frustrante experiência de instalar o Windows

Mesmo após décadas de evolução, instalar o Windows 11 num computador continua a ser uma experiência que fica muito aquém do desejado.

Ao longo dos meus anos à frente de computadores já perdi a conta a quantas instalações de Windows efectuei, desde os tempos em que o Windows ainda era um programa a correr em cima de MS-DOS. Foram muitas as instalações que decorreram sem problemas, mas também foram muitas as que me fizeram enfrentar problemas inesperados que causaram muitas dores de cabeça. E se se poderia imaginar que esses tempos já tinham desaparecido, eis que descobri que afinal... não!

É verdade que a maioria das instalações do Windows 11 se resumem a algo como "instalar e já está". Mas claro que, num computador que tive que desenrascar à pressa para as provas do meu filho (com a escola a "exigir" que todos os alunos levassem um computador no dia seguinte, apesar de não ter atribuído os computadores aos alunos como era suposto), o processo ficou longe de decorrer como seria suposto. Para uma compra em cima da hora, acabei por optar por um Lenovo Idepad 1 com CPU AMD (que tinha como grande vantagem estar disponível a preço promocional e vir com 16 GB de RAM que são sempre bem vindos hoje em dia). Adicionalmente, ser um portátil de uma marca reconhecida reduziria as probabilidades de enfrentar chatices.

A obrigatoriedade do acesso à internet

Seguiu-se o ritual de criar uma pen USB de instalação do Windows 11, recorrendo ao habitual Rufus, e iniciar a instalação no computador.

Em breve me deparei com o primeiro entrave da noite: a insistência do Windows 11 agora exigir ligação à internet para concluir a instalação! Tradicionalmente, este seria um passo em que se teria a opção de "passar à frente", mas a MS na sua magnânima sapiência, decidiu que agora é obrigatório ter acesso à internet para se poder avançar. O problema? Mesmo sendo um portátil de marca reconhecida, o Windows 11 não detectou o hardware WiFi e não permitiu ligar à internet. Obrigado Microsoft!

Felizmente, apesar de ser incrivelmente frustrante (imagino como seria para alguém sem grande experiência em mexer nestas coisas), é algo que se pode contornar com um salto ao command prompt (shift+F10) e executando o comando "oobe\BypassNRO". Com isto, passamos a ter a opção de passar à frente sem ligação à internet, e também de poder criar uma conta local sem se ser obrigado a criar uma conta Microsoft.

Os drivers, os eternos drivers

Claro que, sem acesso à internet, foi preciso recorrer a outro computador para pesquisar e descarregar os drivers WiFi para que o computador pudesse ter acesso à internet. E depois de isso feito, dar um salto ao site da Lenovo para instalar o resto dos drivers recomendados. Fiquei contente por ver que a Lenovo disponibiliza um sistema de verificação de hardware e actualização automática a partir do browser. Processo que soa bem na teoria, mas acaba por falhar completamente na prática. A tentativa de fazer o "scan automático" resultava no pedido de instalação de um programa, que depois de instalado / executado não dá qualquer indicação sobre se está a funcionar ou não, e se a certa altura lá pareceu estar a fazer o que era suposto, depois parou e nunca mais voltou a funcionar, deixando de dar qualquer indicação sobre quais os drivers necessários.

Resultado final: o utilizador tem que andar a passear por mais de uma dezena de secções diferentes (chipset, teclado, áudio, webcam, power, etc.) inspeccionar qual o driver adequado entre várias versões deles, instalá-los, e acreditar que efectivamente estejam a funcionar. Sendo que, a certo ponto, já se começa a duvidar sobre se já se terá instalado certo driver ou não, e ficar com a eterna dúvida de que poderá ter ficado algum em falta no meio de tantos.

Como detalhe extra, acho que não será muito adequado que a Lenovo peça para "digitalizar" o computador para se encontrarem os drivers adequados; mas é o que se tem quando se deixa as traduções automáticas fazerem o trabalho.

Conclusão

No final lá fiquei com um Windows 11 funcional, sem bloatware, e a fazer o que era suposto. No entanto, uma coisa que deveria ter demorado poucos minutos acabou por levar mais de uma hora, e não foi uma hora agradável, a lutar com pseudo sistemas de actualização automática de drivers que não funcionavam. Apesar de se poder dizer que tudo isto seria evitado caso tivesse optado por um portátil com Windows pré-instalado, na prática poderia verificar-se o mesmo caso se desejasse fazer a reinstalação do Windows para assegurar a remoção de todo o software "patrocinado" que normalmente acompanha essas máquinas.

Tendo em conta que, ainda por cima, se está a falar de um sistema operativo pago, posso dizer que teria que deixar uma avaliação de "gelado" (com apenas 1 de 5 estrelas) a todo o processo.