2012/06/28

Google Play vs Apple iTunes - E de quem são os Conteúdos?



Com a nova aposta do Google em transformar a sua loja "Google Play" em algo ainda mais atractivo e central na vida dos utilizadores: com revistas, músicas, vídeos (que agora podem ser comprados e não só alugados), e - claro está - as Apps; num formato que vem mesmo a calhar com o lançamento do seu tablet Nexus 7; volta a ser essencial falar naquele aspecto indesejável que... terá que ser resolvido - a bem ou a mal!

Já nem vou falar no absurdo que continua a ser a divisão do planeta em "regiões", e que faz com que um português que desejasse comprar um filme ou revista americana não o possa fazer, por... "esse conteudo não está disponível na sua região". Uma situação que invariavelmente como consequência fazer com que essa pessoa decida ir procurar esses conteúdo a outras fontes... nem sempre moralmente as mais indicadas.

Vou é limitar-me ao que é perfeitamente legal: imaginemos que compram centenas de músicas, nestas lojas online, quer seja o iTunes da Apple ou o Google Play. Acumulam dezenas ou centenas de livros, revistas, séries, músicas e filmes....

E inveitavelmente, chegará um dia em que decidem trocar de plataforma, para outro equipamento - ou, menos provável mas igualmente inevitável, que tal "império digital se desmorone", e deixe de garantir o acesso a estes conteúdos "na cloud"... Será que se deve apostar em qualquer tipo de aquisição em formatos "proprietários" fechados numa única loja? Ainda para mais num mundo onde a cada meia dúzia de anos se está sujeito a que tudo dê uma reviravolta? (Há 6 anos atrás não havia App Stores, nem smartphones da forma que os conhecemos hoje - imaginar um smartphone sem teclas era considerado ridículo por muitos na altura - ou tablets práticos e acessíveis...)

Quem nos garante que poderemos ver as revistas digitais que hoje compramos, no tablet "XPTO" que vier a surgir daqui por 4 ou 5 anos, numa plataforma completamente nova?
No caso de músicas e vídeos, por muito impraticável que seja imaginar o download de terabytes e a sua reconversão para outros formatos... ainda se pode considerar que é possível - embora profundamente ingrato. Mas quanto a conteúdos ditos "interactivos"... a não ser que sejam "HTML"... a coisa poderá ser bem mais complicada... em último caso obrigando a emuladores/conversores... ou - mais provavelmente - a ficarem obsoletos, esquecidos, e inacessíveis.


Outro caso que também terá que ser enfrentado, e cada vez mais à medida que a actual geração tecnólogica que a isto assiste vai envelhecendo, é: o que acontecerá a todos os conteúdos comprados por um utilizador... quando falecer? Será possível arranjar formas simples de transferir esses conteúdos para os seus "herdeiros" (partilhas digitais... vai ser bonito!)... ou será que as lojas digitais esperam que os seus utilizadores sejam imortais e que existam para sempre? (Nalguns casos, até imagino que possa ser vantajosos para os seus descendentes manter uma presença vitual online de alguém que já morreu, apenas para continuarem a ter acesso aos filmes, músicas, etc... que essa pessoa comprou.) Macabro? Talvez... mas parece-me que é coisa que terá que ser pensada... e quanto mais cedo, melhor!

4 comentários:

  1. Excelente questão. Se o futuro é a "nuvem" e o conteúdo digital, quem nos garante que os conteúdos que comprarmos estarão sempre lá e acessíveis a qualquer hora? Ficarão lá eternamente associados a uma conta de utilizador? Mesmo depois de este ter falecido? O futuro passará pelas posses digitais, o nosso armário já não será o mesmo, sem filmes e revistas... ficará tudo associado ao nosso login, ao nosso virtual. E se mudarmos de equipamento e empresa fornecedora de serviços? Que poderemos fazer com os itens comprados anteriormente? Uma coisa que me faz confusão é que já não se trata muito de uma escolha... ver já no mercado um ou outro Smartphone e Tablet sem capacidade de cartões de memória faz adivinhar que o futuro será a nuvem quer queiramos ou não.

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  2. Creio que isso é um reflexo da cultura cada vez mais individualizada e individualista que chegamos. Até a publicidade foi "afinando" e hoje podemos dizer que há um direccionamento total dos conteúdos ao gosto do Pedro, do Carlos ou do João. O tal login por conta significa que cada um de nós é individualmente um consumidor (já disse o Tyler Durden!) e danem-se os outros que não forem!

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  3. Pelo menos a música ainda vai sendo sem DRM (no iTunes e afins... no Google Play não sei) pelo que se pode sacar e ouvir em dispositivos da concorrência, ou em dispositivos futuros, mesmo que as empresas vão à falência. Mas no que for exclusivamente via streaming ou download com DRM, vai ser complicado. Vai haver muita gente em pé de guerra se um dia falir algum dos serviços mais populares deste género.

    Por exemplo, se o Steam desligasse os servidores eu perdia 98 jogos (maioria comprados, alguns gratuitos) num piscar de olhos.

    Estas empresas defendem-se com o "não é uma venda, é um licenciamento do acesso". Mas noutras situações, conforme der jeito para lixar o consumidor, já argumentam que é venda.

    Mas também há que reconhecer que mesmo quando se compra as coisas em suportes fisicos, também nada garante que aquilo seja para sempre. Quantos jogos tenho para ali, do tempo do DOS, que dificilmente consigo jogar actualmente?

    E ainda há tempos alguém andava algo à rasca para comprar um simples leitor de cassetes áudio. Quem tem muitas cassetes qualquer dia fica a chupar no dedo quando o seu último leitor avariar. Mesma coisa com VHS. E como será para comprar um leitor de CD ou DVD daqui a duas décadas?

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    1. A música no iTunes, pelo menos as que adquiri ( embora a maioria tenha sido gratuita) nao tinham DRM, inclusive tocam em Androids com tags e capas.

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