2018/08/23

Androids enviam localização 340 vezes por dia para a Google


Depois do caso que revelou que a Google continuava a recolher a localização dos utilizadores mesmo que desliguem o histórico de localizações, surge um novo estudo que diz que um smartphone Android deixado quieto envia a sua localização para a Google 340 vezes por dia.

O estudo sobre os dados recolhidos pela Google tem como base os dados que a Google disponibiliza no seu Take Out, através do MyActivity e também da análise do tráfego entre smartphones e servidores, e embora não nos revele nada que não se saiba que é feito, não deixa de ser um pouco assustador ser-se confrontado com todos os dados.


Um dos exemplos mais marcantes é o de que um smartphone Android "suspenso" com o Chrome em background, continua a enviar quase um milhar de pedidos para serviços da Google num período de 24 horas, gastando cerca de 4.4MB por dia, sendo que 340 deles são referentes à sua localização (uma média de 14 por hora). Como termo de comparação, um iPhone em circunstâncias idênticas com o Safari faz apenas uma fracção dos pedidos - sendo que ainda assim a Google continua a receber informações, por intermédio da publicidade nas páginas web e outros serviços que disponibiliza.

Como dizia, é assustador mas não é propriamente novidade. A maioria dos utilizadores manterá o histórico de localizações activado, que mantém um registo de localizações bastante detalhado, que por si só já explicaria o envio da localização; mas o caso da Google é também único, no aspecto em que se trata de uma empresa "omni-presente" na internet, com inúmeras vertentes por onde consegue recolher dados:


Basta que uma página contenha publicidade servida pelo serviço da Google para que ela saiba que utilizador visitou que página e quando; e mesmo que uma página não apresente publicidade, pode usar o serviço de estatísticas da Google, com efeito idêntico; assim como as páginas AMP, ou outros serviços.

Mas mesmo que se tratasse apenas do serviço de localização, um simples passeio a pé de 15 minutos numa área residencial gerou 9 pedidos de localização à Google, que enviaram cerca de 100 identificadores de redes WiFi públicas e privadas, que são utilizadas para determinar a localização do dispositivo e também aferir se o utilizador estará a andar a pé, de bicicleta ou de carro.

Quando se diz que nos serviços gratuitos é o utilizador que é o produto, espreitar a imensa quantidade de dados que a Google recolhe sobre nós (e o Facebook, e muitos outros que o tentam fazer) ajudará a perceber até que ponto isso é verdade. Isto não significa que não se deva ir a correr tentar desactivar todas as opções que se possam... significa apenas que se tem que estar consciente do que se está a "pagar" para ter acesso a esses serviços.

4 comentários:

  1. Tanta recolha de dados, que nada me surpreende, mas só estão disponíveis para alguns, quero dizer por exemplo em caso de roubo ou perda do smartphone estes dados podiam ser bem mais úteis mas, infelizmente ainda há gente que acha que a borrada que está a fazer não será descoberta. Acrescento que sempre que tive de mudar de smartphone/Android as chaves wi-fi guardadas nunca são respostas, no entanto a Google diz que as guarda mas, só se for para eles!

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    1. Bem, nesse aspecto não nos podemos queixar. Todos estes dados estão disponíveis para o utilizador (a Google foi uma das primeiras empresas a disponibilizar o "Take Out", que permite que os utilizadores possam descarregar toda a informação que a Google tem sobre eles).
      E estes dados da localização estão também disponíveis para localizar os smartphones em caso de roubo. Aliás, basta pesquisar por smartphone location que surge imediatamente a possibilidade de fazer o tracking da localização dos nossos dispositivos, com opção de os fazer tocar ou bloquear.

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    2. No meu caso tenho tido o restore das passwords todas. Tenho sítios onde não ia há mais de um ano, mudei de telemóvel e quando lá cheguei ele ligou-se sozinho. Pelo menos isso funciona, para mim.

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  2. Mas será que o tracking que é feito a pedido do utilizador é tão eficaz como o que é feito pela Google, nomeadamente sem ligação à internet? Nunca experimentei o tracking da Google só o da app Prey.

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