2018/08/18
Artigo a alertar para o perigo da censura iminente na Europa é censurado
A luta contra a proposta da reforma dos direitos de autor, com os polémicos filtros dos uploads e taxa dos links está longe de estar terminada, mesmo com a vitória de Julho, e agora temos mais um exemplo caricato que exemplifica o que está em risco.
Julia Reda tem sido a pessoa mais activa no Parlamento Europeu a combater estas propostas, e viu-se agora na infeliz posição de ver um dos seus artigos a alterar para o risco da censura... ser censurado abusivamente através de um pedido DMCA de violação de direitos de autor.
Ou seja, um artigo completamente legítimo, que discute questões fundamentais para o futuro de uma internet livre, foi silenciado nos motores de pesquisa pelo recurso abusivo às ferramentas de protecção de direitos de autor, que nem aparentemente se limitaram a remover as páginas em questão sem sequer comprovarem a legitimidade do pedido. Se isto pode acontecer actualmente nestes moldes, imagine-se o panorama caso a pretendida utilização de filtros dos uploads seja implementada - com a agravante de que actualmente as páginas em questão permanecem na internet e podem ser acedidas através de um link directo ou partilha nas redes sociais, mas caso os filtros dos uploads avancem, esses conteúdos nem sequer chegarão a ser publicados, sendo automaticamente bloqueados.
A votação sobre os filtros dos uploads será feita a 12 de Setembro, e mais uma vez cabe a cada um de nós fazer tudo ao seu alcance para demonstrar os nossos supostos representantes de que será inadmissível transformar a Europa no líder mundial da censura com a desculpa dos direitos de autor.
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Explica-me lá como é que o artigo foi censurado no Google
ResponderEliminarA pesquisa é apenas um endereço web (URL)
inurlhttps://juliareda.eu/2018/05/censorship-machines-link-tax-finish-line/
Para o Google dar esse resultado é porque tinha acontecido qualquer coisa à página. Provavelmente estava offline na altura. Agora não tem problema nenhum.
"Vejam o que me aconteceu, estão-me a censurar e depois vai ser muito pior, os inocentes vão ser chacinados". Tretas do Pirate Party.
"One of them is Symphonic Distribution (...) This service sent a notice to Google on July 22 falsely claiming that my blog post and a number of other sites were somehow infringing on the copyright of an Australian TV starlet. Automated systems at Google honored the claim and delisted the pages, sight unseen."
Eliminar"After the EFF uncovered further fraudulent removals by Topple Track and TorrentFreak covered the story, Google reportedly terminated its trusted partnership with the company. (...) (Update: The page seems to be back in the Google index now.)"
Bom, então pelo que escreve o TorrentFreak:
Eliminar- Não foi Julia Rede ou o Pirate Party que foi censurado pela Google
- A URL do artigo específico de Julia Rede foi incluído numa lista de URLs numa queixa DMCA apresentada à Google
- Ou seja alguém, de uma entidade (no caso, a Topple Track) reconhecida pela Google como podendo apresentar esse tipo de queixas propositadamente incluiu a URL do artigo, que foi automaticamente incluído pela Google no sites censurados
- Questionada pelo TorrentFreak a Topple Track ficou muito incomodada, pediu muitas desculpas e entrou em “modo de manutenção” (offline).
Mas a conclusão continua a ser a mesma: "Vejam o que me aconteceu, estão-me a censurar e depois vai ser muito pior, os inocentes vão ser chacinados - por isso acabe-se com a DMCA e as medidas censórias que estão em discussão no Parlamento Europeu”.
O pequeno problema é que se está a tomar a nuvem por Juno. Que alguém, estranhamente (e convenientemente?) dentro da Topple Track tenha decidido incluir a URL do artigo na queixa DMCA não passa de um caso isolado, que não tira nem põe nada.
“Ah, mas há mais casos, de a Google aceitar automaticamente queixas falsas de quem se faz passar por entidades reconhecidas”. Isso são questões de autenticação que a Google tem que resolver.
A alternativa, de a Google não ter qualquer controlo na apresentação dos resultados das pesquisas, apresentando quer páginas legítimas, com o trabalho dos autores e que lhes dá dinheiro a ganhar, quer ilegítimas, com o trabalho pirateado aos autores e que só dá dinheiro a ganhar aos piratas, é bem pior.
https://abertoatedemadrugada.com/2018/07/a-impraticabilidade-do-artigo-13-pode.html
EliminarJá dei para o peditório do artigo 13 e do artigo 41 em vários comentários, como neste post
Eliminarhttps://abertoatedemadrugada.com/2018/06/censura-no-facebook-mostra-como-sera-o.html?m=1\
O que está em causa não é se pode haver problemas técnicos na sua aplicação, que podem ser resolvidos. É se:
- A NET deve ser regulada para proteger o trabalho dos autores e dar-lhes dinheiro a ganhar ou, pelo contrário, permitir que o seu trabalho seja pirateado e só dê dinheiro a ganhar aos piratas?
Curiosamente o Pirate Party e afins só fala da liberdade da NET e das dificuldades técnicas na aplicação desses artigos. De dinheiro só fala dos supostos lucros dos grupos de comunicação social - com jornalistas profissionais que são os que garantem a liberdade de informação. Do dinheiro ganho ilegitimamente, à custa dos autores, jornalistas e produtores de conteúdos - nem uma palavra.
Ninguém põe em causa que as leis de direitos de autor devam ser modernizadas. Mas daí a tratar todos as pessoas implicitamente como criminosos, sem consideração pelas utilizações legítimas desses conteúdos, vai um *grande* salto.
EliminarEsqueces-te que já existem leis a proibir o uso de obras com direitos de autor sem permissão, e ferramentas "aceleradas" para as remover (no nosso país, sem sequer terem que passar pelos tribunais!) - e vê os abusos que isso já permite. Não me parece que a solução passe por apostar ainda mais nos sistemas que já demonstraram não funcionar.
Qualquer proposta de filtros automáticos vai ser um desses casos, que só irá penalizar aqueles que poderiam usar conteúdos de forma legítima, pouco afectando os que continuarão a dar uso ilegítimo aos mesmos (que seguramente encontrarão formas de contornar os sistemas, como sempre tem acontecido).
Curiosamente, tu também falas de jornalistas e autores, e pareces esquecer-te que não são esses que estão a defender as propostas em cima da mesa, mas sim os grandes grupos editoriais, estúdios e outros que tais... Se calhar deverias falar com alguns deles, para perceber se eles se sentem assim tão ameaçados pelas partilhas na internet... ou se estão mais preocupados em saber se no final do estágio vão para a rua e vem o próximo a ocupar a cadeira...
Uma coisa é certa, os estagiários e os jornalistas vão para a rua se o grupo editorial a que pertencem não tiver dinheiro para lhes pagar.
EliminarA "famigerada taxa de link" é que permitirá aos sites de jornalismo cobrar pela partilha de excertos que acompanham os links para as suas páginas - excertos que são tão extensos que dispensam ir à página do jornal e, ao menos, ver os anúncios. Em vez de as plataformas agregadoras de notícias - nem vale a pena dizer quais são, porque são conhecidas - ganharem dinheiro à custa do trabalho deles sem pagar tusto.
Quanto aos "filtros", num comentário acima coloquei um link para um post teu sobre uma foto no Facebook. Lá, dás uma no cravo ("Sim senhor o Facebook fez alguma coisa para combater as fake news"), mas acabas com a mesma conclusão do Pirate Party - o melhor é não fazer nada, ("Vejam o que aconteceu neste caso em que a fotografia era fake, mas servia bem para ilustrar a notícia. Não era caso para tanto! Se isto se generaliza o fim das liberdade na NET")
Isto tem que se lhe diga, não é questão para tretas e baldretas a partir de casos isolados postos a correr pelo Pirate Party. E a maioria dos deputados portugueses no Parlamento Europeu votou favoravelmente os artigos - não foi só o Marinho Pinto, que aqui trataram de forma abjeta.
Pois é... os pobres coitados dos grupos editoriais que não só estão a ir à falência devido a links para os seus artigos que contêm meia dúzia de palavras; como também nem sequer têm uns minutos para pedirem autorização para utilizarem fotos alheias, fazendo-o sem qualquer atribuição. Mas o que interessa é que todos os outros é que são criminosos, certo? (Neste caso, e como já tem acontecido com as ferramentas actuais, nem me surpreendia que depois fosse o autor legítimo a ver-se impossibilitado de usar a sua própria foto, por os "filtros" considerarem que era uma cópia ilegal do site noticioso que a roubou).
EliminarE lamento informar-te que são precisamente os casos isolados (não tão isolados assim) que interessam, pois serão esses as vítimas destes sistemas. Ninguém se importa que a polícia prenda devidamente 99% de criminosos... mas importam-se se 1% das pessoas presas forem inocentes.
O caso que referiste da foto do FB é precisamente um caso disso (e aparentemente nem o leste). Um artigo a explicar que uma determinada foto não correspondia às notícias em questão, foi simplesmente removido por conter a foto utilizada, sem qualquer consideração por estar a tentar esclarecer a situação.
É um caso bem concreto e legítimo: com filtros automáticos nem sequer se poderá fazer esse tipo de coisa, explicando que uma determinada foto foi usada fora do contexto, ou é falsa, ou seja o que for...
Estás-te a referir aos títulos do Google News?
EliminarAgora experimenta ir ao Google Search e pesquisar pela noticia do dia "Grecia saída limpa" e vê quantas notícias de jornais são citadas extensivamente.
A Google, relativamente a Espanha, não teve problemas em deixar de incluir Espanha no Google News, porque diz que não lhe dava dinheiro a ganhar. Fez o mesmo com o Google Search, de onde lhe vem a maior parte das receitas? Não fez.
A taxa do link o que pretende é levar a Google a pagar. Após negociação? Por certo.
Fiz o que disseste, e o resultado foi este.
EliminarIndica-me 3 vídeos onde o único texto é o título, seguido de links para sites de notícias onde nem sequer se consegue ler a primeira frase completa da notícia... Mas aparentemente, achas que é um excerto suficiente para levar esses sites noticiosos à falência.
Quanto a ser a Google a remover resultados, estás consciente que todo e qualquer site, desde sempre, tem a possibilidade de dizer que páginas não quer que sejam indexadas pelo Google ou outros motores de busca? Tanto o Google como todos os outros motores de pesquisa, só indexam páginas *publicamente* acessíveis que não indiquem que não querem ser ser incluídas nos resultados.
Não sei porque motivo, com os sites de notícias a sentirem-se tão injustiçados, não optaram por se auto-excluir dos motores de pesquisa... Ah, pois é, preferem continuar a aparecer nos resultados, e que ainda lhes paguem por isso! Pois, eu também gostava...
Tadinha da Google. Sempre muito aflita de dinheiro ;-)
EliminarPor que é que não rebobinas o filme?
Vais ao Google e pesquisas por "Grécia saída limpa". O Google não te dá resultado nenhum de jornais (dá-te só uns blogues com patacoadas).
Quem é que, assim, queria saber do Google Search que é a galinha dos ovos de ouro?
Ninguém está a pensar em pôr a Google a sustentar os jornais - mas pagar qualquer coisa, já que ganha dinheiro com eles, sim.
Sobre os agregadores de notícias nacionais, que têm uma secção de títulos e secções especializadas, onde citam abundantemente jornais, também haveria alguma coisa a dizer.
Isto é uma vergonha, a Google também não fica bem na fotografia
ResponderEliminarHá muita mesmo muita ignorância técnica dos deputados e essa ignorância é já um gap e tende a aumentar de ano para ano e de forma exponencial. Essa ignorância misturada com questões puramente ideológicas e historicamente datadas levam-nos a isto. Enfim.
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