2021/05/30

Google dificultou deliberadamente desactivar a partilha de localização

Documentos internos da Google revelam que a empresa se esforçou deliberadamente por dificultar a vida a quem não quisesse partilhar a sua localização, ao ponto de até os seus funcionários não perceberem como o poderiam fazer.

A Google volta a ficar com a sua imagem prejudicada (nada que seja novidade, desde os tempos que abdicou do "don't evil"), com documentos internos obtidos via tribunal a revelaram tácticas bastante censuráveis quanto à forma como foram mantendo o acesso à localização dos utilizadores. Um pouco ao estilo do que se passou recentemente com a Apple e a opção para reduzir o tracking feito pelas apps, a Google não gostou que os utilizadores desligassem a partilha de localização quando tinham uma opção fácil para tal. Por isso, implementou diversas alterações para fazer com que fosse praticamente impossível que os utilizadores impedissem o acesso à localização. E, pior ainda, chegou até a exigir que outros fabricantes entrassem no esquema, para que escondessem essas opções em menus obscuros de configuração que seriam difíceis de encontrar.

A localização dos utilizadores é informação extremamente valiosa, que a Google utiliza de inúmeras formas. Essa informação não só permite saber por onde os utilizadores andam e que lojas visitam, como também é utilizada para calcular a intensidade de tráfego (como o famoso exemplo de quem pegou em 99 smartphones e provocou engarrafamentos virtuais), e até para coisas que a maioria poderia nem imaginar, como deduzir que filmes viram no cinema!

No entanto, nada disto justifica esconder opções que dêem aos utilizadores o direito de não partilharem a sua localização com a Google se assim o desejarem. E, por causa de atitudes como estas, depois não se podem queixar que até mesmo aqueles que poderiam aceitar partilhar a sua localização, comecem a ficar reticentes em fazê-lo.

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