2021/07/30

Análise à Elgato Facecam

A Elgato decidiu aventurar-se para o mundo das webcams topo de gama, e tivemos oportunidade de testar a sua Facecam.

A Elgato tem feito forte aposta no segmento dos streamers, tendo acessórios como o versátil Stream Deck (que recentemente foi actualizado), microfones, e agora também esta curiosa Facecam.

A Facecam

Com um formato algo volumoso face às webcam tradicionais, a Facecam recorre a um sensor CMOS Sony Starvis Full HD com desempenho optimizado em ambientes de baixa luminosidade, e vem com uma objectiva f/2.4 de 8 elementos, campo de visão de 82º, e ligação USB 3.0. O sensor conta com um dissipador generoso para garantir o funcionamento por tempo ilimitado sem qualquer preocupação com sobre-aquecimento, e o sistema transmite o vídeo sem compressão, para latência reduzida. Conta ainda com memória interna, para que os parâmetros da câmara possam ficar gravados na própria câmara e garantir que funcione tal como se deseja, mesmo que se leve a câmara para outro computador.
A câmara vem apenas acompanhada de cabo USB-C bastante robusto, que dá confiança suficiente mesmo que fosse para carregar um portátil a 65 W ou 100 W. Tem também uma protecção de objectiva amovível, que infelizmente não tem qualquer lugar na objectiva para ficar arrumada, sendo daquelas coisas que provavelmente se irá perder a curto prazo.
O suporte incluído permite manter a câmara numa superfície horizontal ou ficar pendurada num ecrã. Sendo também possível removê-lo e usar o parafuso de fixação tradicional em qualquer tripé ou braço articulado.

Em funcionamento

Não fazendo caso das exigências da Elgato, a primeira coisa que fiz foi ligar a Facecam a uma porta USB 2.0 - não por ter esperança que funcionasse, mas por pura curiosidade. A Facecam é correctamente detectada mas, tal como esperado, com a indicação de que a câmara precisa de uma porta USB 3.0 para funcionar. A largura de banda necessária para o streaming a Full HD 60 fps sem compressão vai para além das capacidades do USB 2.0 - embora não fosse má ideia se pudesse passar para modo de transferência com compressão quando utilizada numa porta USB 2.0. Ligada a uma porta USB 3.0 tudo decorre sem problemas, e sem que seja sequer necessário instalar qualquer driver ou software adicional. A câmara usa o sistema standard UVC, podendo ser usada imediatamente por qualquer programa que possa funcionar com webcams - incluindo os programas de video-conferência na web. No entanto, ter em conta que a Facecam não inclui microfone, pois a Elgato assume (e bem) que quem procura uma câmara neste segmento também irá utilizar microfones externos.

Com o elemento de destaque a ser o sensor Sony Starvis, foquei-me em ver que tal a Facecam se comportava nos ambientes de baixa luminosidade de muitos streamers, e os resultdos são quase cómicos (pela positiva) quando comparados com webcams tradicionais.
[esquerda: Facecam | direita: webcam HP]

Na imagem acima temos, na primeira linha, um ambiente normal com uma única lâmpada durante a noite, e onde a Facecam se comporta perfeitamente, produzindo uma imagem HD livre de ruído, e sem as "manchas esborratadas" que se fazem notar nas webcams normais. Mas, quase por prazer sádico, decidi apagar as luzes e deixar que a única iluminação fosse a do próprio monitor, com o resultado a tornar-se mais que evidente na linha inferior.

Até custará acreditar que se tratam de imagens captadas nas mesmas condições, já que com a webcam normal pouco mais se vislumbra que um vulto na escuridão, enquanto na Facecam as imagem permanece com qualidade utilizável, diria mesmo melhor do que algumas câmaras low-cost atingem durante o dia. Uma demonstração exemplar das capacidades do sensor Sony Starvis, que é também bastante utilizado em câmaras de vigilância (e percebe-se porquê).

Apreciação final

A Facecam é uma aposta curiosa da Elgato mas que faz todo o sentido na sua estratégia de ter um ecossistema completo de produtos para os streamers. Fica perfeitamente enquadrada no meio dos demais acessórios que a marca já disponibiliza (Stream Deck, microfones, etc.) e torna-se numa proposta razoável para quem procura algo melhor que uma webcam tradicional, incapaz de lidar com ambientes de baixa luminosidade, mas sem querer dar o salto para câmaras de nível semiprofissional que podem representar o triplo do investimento. Pode até atrair pessoas que tenham passado a trabalhar a tempo inteiro em modo remoto e que queiram garantir que a sua imagem é mais do que um amontado de pixeis esborratados e desfocados nas videoconferências no Zoom, Meet, Teams, etc. especialmente se puderem contar com um apoio da entidade empregadora para a aquisição de equipamento para o trabalho remoto.

Por tudo isso e apesar do seu preço de 199 euros, a Facecam sai daqui com a nossa melhor pontuação: escaldante.

Elgato Facecam
Escaldante

Prós
  • Qualidade de imagem
  • Desempenho em baixa luminosidade
  • Simplicidade de instalação e utilização

Contras
  • Tampa da objectiva "perdível"
  • Exigência de USB 3.0

Elgato Facecam

Escaldante (5/5)

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