Por muito que irrite aos operadores nacionais referir o facto de que temos das comunicações mais caras da Europa, temos também a agravante de que nem o próprio Estado, a negociar um contrato de dados para centenas de milhares de alunos, parece conseguir condições vantajosas.
Os computadores cedidos aos alunos vão incluir um plano de internet "ilimitada" - o que é positivo - pelo qual o estado pagará 5 euros mensais por cada computador; mas por outro lado esse "ilimitado" acaba por incluir apenas 12GB de dados mensais, a partir dos quais as velocidades serão reduzidas drasticamente, embora não seja dito para que valores. Ora, é este último ponto que convinha esclarecer, pois uma coisa será reduzir a velocidade para 2 ou 3 Mbps, que permitirá continuar a usar a Internet (embora de forma sofrível) outra coisa completamente diferente será reduzir a velocidade para 100 ou 200 Kbps, que na prática impediria o uso da internet para algo mais que o envio de mensagens só de texto; fazendo com que até o envio de um trabalho da escola num anexo de email se pudesse tornar num suplício (transferir 10MB a 200Kbps é coisa para demorar 7 minutos - o que por outro lado significa também que abrir um site com uma página de 5MB demore mais de 3 minutos).
É pena que o Estado, com todo o seu poder negocial para centenas de milhares de contratos, não tenha conseguido melhores condições. Isto quando, em países como a Roménia, temos a Vodafone a disponibilizar 100GB de dados móveis por €3.
@ptnik numa Roménia perto de si. 3 euros 100GB, recebido esta tarde num tarifário de 7,5euros mensais pic.twitter.com/BcQTJdsdiV
— José Pires (@joseepires) February 17, 2021
Não teria sido bom se, os operadores de telecomunicações, em vez de "puxarem para trás" com as pressões para abrandamento selectivo dos serviços de internet, aproveitassem este cenário de tele-trabalho para anunciar o fim dos planos limitados, e passarem a equiparar os dados móveis às ligações fixas, com acesso ilimitado - e acabando de uma vez por todas com as tretas dos planos diferenciados com 10GB para estas apps, 5GB para o YouTube, e 1GB para dados genéricos?
Isso evitaria o ponto seguinte: de que os 12GB fornecidos são manifestamente insuficientes para um cenário de ensino remoto como aquele a que se destinam. O uso de serviços de videoconferência como o Google Meet ou MS Teams gasta entre 500MB a 1GB por hora. Isso significa que, no melhor caso, os 12GB permitirão algo como 24 horas de aulas remotas. Quem tiver três ou quatro horas de aulas remotas síncronas por dia, precisaria de algo como 50GB por mês, só para assistir às aulas, e sem considerar o uso adicional (investigação, envio de trabalhos, etc.)
Esperemos que isto possa servir para consciencializar os operadores de que os limites de dados que praticam estão completamente desajustados das necessidades actuais. E que seria de louvar que tratassem de erradicar os limites e os dados segmentados por apps antes de se entrar na era 5G.
Carlos, uma nota são 100GB por 90 dias, de qualquer forma muito superior a 5 por 12GB mensais
ResponderEliminar33GB por mês. que top!
EliminarTendo que mensalmente é:
Eliminar4€ por mês
50 GB na Roménio, 3 GB roaming
e depois fazem estas promoções de Aditivo, é fazer as contas.
Mas no pior caso, nem que se pagasse pelo pack de 100GB todos os meses! :)
Eliminarquando as coisas sao feitas no joelho é o que da.
ResponderEliminarNem por isso, está a fazer um ano desde o início da pandemia.
EliminarTantos compadrios e interesses instalados no que respeita ao setor das telecomunicações.
ResponderEliminarEste país ainda tem muitos "Novos Bancos" para revelar...
33 GB / mês é um valor muito aceitável e muito provavelmente acordaram que as conferências por zoom ou plataformas usadas não contem como tráfego. Ou seja, no contrato deve constar que são 33 GB extra o video da aulas.
ResponderEliminarCuriosamente vejo toda a gente a criticar, mas sendo Portugal um país pobre em que as pessoas ganham e descontam pouco (e fogem muito...), muitos exigem couro e cabelo. Querem tratamento de hotel 5 estrelas (PC de graça, Internet rápida sem limites incluída, etc) mas descontarem / pagarem o preço de um de 2 estrelas.
Queria ver-vos num governo com o muito pouco dinheiro disponível o que fariam... deviam encomendar laptop Razor com gráficas rtx 3080 e pen 5G com tráfego ilimitado para os meninos assistirem às aulas em 4K 60 fps...
33 GB por mês é na Roménia por 3 euros, são 12GB para os alunos em PT
EliminarRicardo Miguelito para que o estado não precisasse de gastar tanto dinheiro em computadores e NET investisse na altura certa em SNS e deixassem os alunos em paz a ter aulas presenciais. Ninguém os obrigou a fechar escolas, mas quando se governa pelos títulos dos jornais e Facebook dá nisto!
EliminarEstás-te a esquecer que Portugal pode ser um país pobre, mas que faz parte da União Europeia e como tal recebe fundos da mesma para que as diferenças não se acentuem demasiado. As operadoras de telecomunicações recebem mais de metade daquilo que investem em fundos da União Europeia. A Altice cuja rede é suportada pelas instalações da antiga PT, que foram construídas com o dinheiro de todos nós e é até hoje a maior operadora a nível nacional, e nem sequer a lei cumpre, não tem direito a lucrar com o investimento que não fez. As telecomunicações deveriam voltar a ser propriedade do estado e isto significa nacionalizar a Altice, que nunca devia ter sido privatizada.
EliminarA nacionalização resolve nada, quando a Portugal Telecom era publica tínhamos os tarifários mais caros da Europa, a famosa taxa de chamada de activação, a mensalidade da linha e pagar a chamada de internet extra da chamada ao ISP.
EliminarDepois entraram varias empresas privadas que fizeram baixar bastante os preços e passamos a ter internet free só pagar a chamada ao ISP mas o mercado é pequeno e foram fechando ou fundiram-se ao que chegamos ao ponto só termos 3,5 operadoras (Altice, Vodafone e NOS a meia é a NOWO).
O caso da NOS que é junção da Zon TVCabo + (Clix,Novis) tínhamos 4 operadores de Pay TV e ficamos 3 e desde desse momento vimos o aumento de preço e a ofertas ficarem iguais entre eles.