Puxado dos bastidores para a praça pública, o NSO Group entra em modo de contenção de danos, dizendo que suspendeu alguns clientes de usarem o seu spyware enquanto "decorre uma investigação".
O spyware do NSO Group foi mais uma vez apanhado a espiar jornalistas e activistas, voltando a indignar todos os envolvidos, e aparentemente tendo como alvo uma lista que incluía presidentes e primeiros-ministros. Algo que claramente não passará despercebido, nem desaparecerá com a habitual desculpa de que este spyware se destina apenas a ser usado contra terroristas e criminosos.
O NSO Group já tentou o seu "script" habitual para estes casos, dizendo que tem um rigoroso processo de selecção para os seus clientes, e que o seu spyware se destina a ser usado apenas com uma centena de alvos por ano - algo prontamente desmentido pelo WhatsApp, que relembra que em 2019 detectou tentativas deste spyware infectar 1400 dos seus utilizadores. Por isso, as desculpas passam para o segundo capítulo, o de fazer parecer que está a fazer alguma coisa, anunciando que suspendeu alguns clientes enquanto realiza uma investigação para averiguar potenciais usos abusivos do seu spyware Pegasus.
Será completamente ingénuo acreditar que o NSO Group não está perfeitamente consciente de que alguns dos seus clientes estarão a usar o seu software para espiarem todo o tipo de pessoas que estão longe de ser "criminosos" ou "terroristas". A questão é que normalmente isso passava completamente despercebido ou, quando era detectado, parecia ser apenas um ou outro caso isolado. Desta vez ficou demonstrado que afinal a coisa está bastante mais disseminada, e que ninguém estava / está a salvo de poder ver o seu smartphone ser usado como máquina de espionagem que denuncia tudo o que diz, vê, faz, e por onde anda.
Mesmo que não venha a dar em nada (o NSO Group poderá ser usar a desculpa de que foi apenas um ou outro cliente que abusou do seu spyware, e deixar que continue tudo na mesma), pelo menos haverá maior reconhecimento destes casos, e maior pressão para que Android e iOS redobrem esforços para impedir infecções por este spyware e outros idênticos.
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